Um crime e vários silêncios

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Li e reli o caso do estupro ocorrido no sul do Estado, onde a menina Kenefer foi morta com requintes de crueldade, coisa que nos choca e repõe uma reflexão sob a condição humana.

Nenhum humano lúcido é capaz de passar batido num caso desses. E o mais agravante nessa história, é que ambos, psicopata e vítima, eram vizinhos de porta, de famílias praticamente irmãs e a tragédia acabou por decretar uma tristeza imensa em todos. Nunca mais as famílias serão as mesmas.

Isso remete, evidentemente, ao caso do estupro cometido pelo filho do dono da rede gaucha de entretenimentos, que habita o nosso Estado. O que difere um caso do outro é o seu desfecho, mas não deixa de haver um crime, uma psicopatia, uma violência, uma monstruosidade.

E aí o arremate que se faz é: no caso da menina Kenefer, as investigações efetuadas pela polícia chegaram ao criminoso, que foi preso. No caso do filho do dono da rede de entretenimentos, as investigações são de ordem conceitual, mas já se sabe o que fazer. Porque, então, aquele primeiro foi preso e este não? Ora, Alexandre, não sejas estúpido. A burguesia, como bem sabemos, amansa, cala e alivia. E fede.

O colonista* da rede, aquele que tem a boca alugada, afirmou em seu jornal diário que os crimes no Brasil acabam em pizza e que o crime do Bruno começou com Macarrão. Muito engraçadinho ele. Esqueceu de dizer que o crime do filho do patrão deles vai acabar em churrasco.

Mas eles se enganam. Vou segui-los feito consciência pesada.

* colonista é aquela pessoa que tem a palavra colonizada por terceiros.

2 comentários:

  1. Rodrigo V. R. disse...:

    Concordo com o que vc falou Alexandre, só vou fazer algumas colocações.
    É bom lembrar que no caso da menina Kenefer primeiramente prenderam um pedreiro por vários dias que nada tinha com o crime, confessou um crime que não cometeu depois de sofrer torturas fisicas e psicológicas pelo polícia, um absurdo.
    A monstruosidade é a mesma, mas uma das coisas que diferem juridicamente o caso é a idade dos delinquentes, o que explica em parte a liberdade do filhinho de papai que é menor de idade, além de outros detalhes jurídicos que fazem os tramites processuais divergirem.
    Mas não tenho dúvidas que se fossem exatamente iguais as situações o desfecho seria o mesmo que vemos. Filhinho de papai livre e vagabundo pobre na cadeia.
    Abraços

  1. Rodrigo, como eu disse, as diferenças são conceituais. E, de mais a mais, nesse país só se respeita rico. Fosse o guri o filho de um pobre, certamente já teria sido execrado e linchado em praça pública, ainda que fosse menor.
    Essa conversinha de ECA é pra boi dormir. Vide o caso do "menor" primo do Bruno do Flamengo.
    Aliás, fosse o filho do Sirostky uma menina que tivesse sido estuprada por um guri pobre, dá pra imaginar a "comoção" que seria na mídia.
    Eles são um bando de hipócritas. Bom, a nossa sociedade é assim.

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