Vamos falar de futebol ou de negócios?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eduardo Galeano discute em um bom texto, O Futebol Global, a ideia de que qualquer fanático e roxo que vá a um estádio sabe que o futebol, como o conhecemos, nasceu há mais de um século, nos pátios de fábricas da Inglaterra. O esporte falava inglês e continua a se expressar na língua bretã nos dias de hoje, mas o comportamento nos backstages é universal e poliglota. Era, até metade do século 20, mais uma atividade esportiva, marcada por competições acirradas, e menos uma atividade lucrativa.

De uns tempos pra cá, passou-se a exaltar os valores do marketing ou mesmo merchandising disposto nos estádios, da mesma maneira que no passado se jubilava com a presença de um forward e as virtudes de um bom dribbling ou as boas defesas de um goal kepper.

Quando o dono da ISL e herdeiro da Adidas, Horst Dassler, se juntou ao seu amigo João Havelange, então um Delfim da FIFA, foi que os campeonatos passaram a receber o nome de quem os pagava. Há os campeonatos da Pepsi-Cola, o da Coca-Cola para o Mundial de Futebol Juvenil, a Copa Toyota, para o torneio mundial interclubes, a Copa Nissan, a Copa Hyunday e por aí vai.

As camisetas, outrora os mantos sagrados e segundas peles de dez entre dez torcedores e jogadores dos milhares de football clubs espalhados pelo mundo viraram cartazes publicitários ambulantes, dignos de páginas de classificados dos jornais de domingo. É possível o mesmo patrocinador estar estampado na camiseta de times violentamente rivais, como um banco de Porto Alegre que financiava tanto Inter e Grêmio, ou a companhia elétrica que estampa as camisetas de Avaí e Figueirense.

A Adidas pode vencer a Nike numa final de Copa do Mundo e jogadores do mesmo time podem usar marcas diferentes ou rivais num mesmo uniforme. Basta que, para isso, se pense no futuro dos negócios e não na tática ou no esquema de um treinador. E é bem possível que um gol, ou até uma decisão já tenha passado pela planilha de um dirigente de marketing em seu escritório, ou do empresário de uma grife famosa, distante milhares de quilômetros da sede do campeonato em questão, para êxtase dos que babam e idolatram celebridades. Basta apenas o dono querer.

Aliado a tudo isso, há os contratos de jogadores, que devem estar, par e passo, associados ao patrocinador master, ao empresário do clube e, pasme você, ao financiador do campeonato jogado.

Você aí ainda acredita que os campeonatos são apenas jogados no campo?

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