Enquanto isso, em Gotham City, observando bem os meandros midiáticos, podemos identificar que os personagens do universo do mamífero quiróptero voador noturno estão mais próximos da gente do que imaginamos. Principalmente o Charada e o Coringa.
A bem da verdade, suspeita-se que são, até, o mesmo personagem, com roupagens diferentes. Se acham gênios, opinam sobre o mesmo tema, tem como objetivo aporrinhar a tudo e a todos e vivem escondidos atrás de máscaras. Acima de tudo passam-se por profundos conhecedores das engenharias de conceitos e objetos, inserem-se no mundo da informática, são criadores de deuses e portam-se como ágeis militantes da causa do egocentrismo.
Mas, como estátuas de duas faces, quase caras-metades, cada qual expõe seu ego de acordo com as circunstâncias.
O Coringa é absurdamente insano e imprevisível. E mete-se em tudo, ocupando os espaços que imagina ser de sua alçada. Embora envolva-se com psicólogos, nunca conseguiu resolver suas mazelas existenciais e suas neuroses críticas. Tem um único e brutal objetivo, que é dominar por completo a Bat-Caverna e, dali, mandar no mundo. Para isso busca incessantemente o apoio das hordas das letras e das palavras, como forma de arregimentar para si o conceito de bem intencionado. Mas, como tem um discurso vazio, logo se constata que os seus argumentos são frágeis. No final das constas escorrega na própria banana que joga para os outros.
Já o Charada tem menos distúrbios que seu outro lado. É tão arrogante quanto, mas é dissimulado. Usa e abusa de sua máscara e jamais se revela. Suspeita-se que seu etéreo comportamento é apenas uma fumaça de personalidades passadas, prontas para assumir a sua vivência na sociedade da qual foi execrado. Admite ter um intelecto de gênio, uma vez que almeja sempre estar acima de todos, apontando defeitos e corrigindo a tudo e a todos com seu ar de superioridade. É o autêntico engenheiro de obras prontas e suas manifestações nunca são humildes.
Comportam-se como uma dupla infernal e se completam na mediocridade. Ambos possuem uma arma fenomenal, que é dissolver-se na multidão e apontar, dali, os defeitos que eles, por seu suposto supremo conhecimento, são os únicos capazes de resolver.
Pena que o filme logo acaba, mas a gente já sabe qual o final da história, ninguém se surpreende mais.
A única pergunta que cabe é: por que tão sérios?
Bom dia, Azurras - nº 5.290
Há 6 horas
Eu sou a batgirl. Tá avisado!