Karl Marx, o ideólogo que eu sigo, disse certa vez que se quisermos mudar o mundo, devemos entendê-lo.
Isso não é figura de retórica ou um compromisso assumido com nossas deficiências. É fato!
Trazendo isso para o nosso quintal futebolístico, o aspecto mais digno no entusiasmo em se torcer para um time de futebol é quando não há senões. É quando sabemos com quem estamos lidando. É quando o nosso time ganha um partida no campo, sem distinções, sem porquês, sem uma falha, sem subterfugios, sem ajudas de juizes ou bandeiras, sem governos letrados, sem que se dê alguma desculpa. Isso vale para qualquer ato na vida do clube, incluindo, também, a própria administração do nosso time. E, para isso, é necessário entender os meandros.
Como é que nós queremos mudar o Avaí e fazê-lo ser uma clube forte e ter times competitivos, se não o conhecemos. Alguém aí conhece o Avaí? Talvez seja esse o principal entrave em definir o que queremos do Avaí no futuro, ou até no presente, ali, na próxima esquina.
- Pô, Alexandre, por que não convocamos uma Leléia Geral?
Pelo simples fato de se conhecer um clube não passa por aulões pré-vestibulares. Claro que há os que se satisfazem com desculpas públicas. Eu, não.
Para chegarmos a algum lugar deve-se fazer algo de maneira disciplinada e sustentável, seguindo padrões e garantindo que no futuro não tenhamos reveses. Isso vale desde as compras em supermercados até a aquisição de um carro. O futebol, cuja paixão move diversas atividades ao redor do mundo, está cada vez mais sendo administrado dentro de cavernas fechadas, sombrias, mofadas e encobertas do público.
E se alguém quiser modificar o status quo, para não haver dúvidas inicia-se com alteração dos quadros. Na maioria absoluta das vezes as aparências enganam.
Recentemente, tivemos a deposição de um ministro de Estado no Brasil da área de esportes em função de fraudes e quiprocós levianos efetuados numa garagem, cuja constatação de sua culpa ainda está em juizo. E o seu sucessor recebeu uma advertência da FIFA dizendo que a entidade máxima do futebol mundial não se curvaria às regras brasileiras. Quer dizer, uma entidade de futebol é capaz de pôr abaixo uma soberania de um país. E o país aceita? Eu acabaria com a Copa do Mundo no Brasil e mandava a FIFA às favas, pra não dizer um palavrão bem dito. Mas, até para a minha presidenta Dilma, mulher corajosa, isso é difícil.
Tal situação significa dizer que a transparência no futebol não existe. Manda quem pode, obedece quem tem amor à sua vida ou ao seu emprego. E esconda-se o máximo que puder, para o bem de todo mundo.
O futebol caiu no lugar comum do capitalismo, onde o que importa é fazer negócios e ganhar um "por fora". Não existe mais aquela coisa do jogar pela camisa. Que camisa? Que jogar? O futebol é uma atividade dita popular, mas não se pode ser iludido a ponto de se imaginar que o futebol é feito para o povo.
Neste vasto mundo da bola, quanto mais uns poucos ganharem de muitos, melhor e mais bem sucedido será, máxima que vale para a maioria dos clubes ditos ricos e grandes do futebol mundial. Tenho pena é dos mela-cuecas que vivem babando para os clubes de futebol europeus ou asiáticos.
Para ficar no nosso mundinho, o Avaí precisa voltar a ser um clube conhecido dos avaianos. Mas parece querer ser grande e desconhecido no seu quintal. Precisamos saber com quem estamos falando. É necessário que o Avaí represente a nação dos manezinhos de Floripa, ou mesmo de Santa Catarina. Se somos uma entidade diferente, como já se apregou por aí, que se faça dessa maneira sempre. A pior coisa é perder a identidade, o jeito de ser, a postura, a fala e os cacoetes apenas para fazer parte da festa dos bacanas. Os bacanas nos aceitam, no máximo, para levar a tacinha de champagne ao seu outro amigo bacana (remember Fabio Koff).
Eu quero que o Avaí seja grande sendo reconhecido como ele é e não como os outros querem que ele seja. Mas, para isso, é preciso afastar as vaidades, o quê, convenhamos, é uma outra novela. E não me venha alguém dizer que basta trocar a diretoria atual que tudo se resolve. No final, vira tudo a mesma coisa. Não é um problema de nomes, mas de postura.
Sou um romântico, evidentemente, e tenho certeza que meus apelos não serão atendidos. Para o pior que possamos imaginar.
Quem conhece, sabe.
4 comentários:
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Calma, Murilo, que eu mando o teu recado para ele. Não te desesperes. hehe
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Aguiar muito interessante teu texto, me identifico com muitas coisas que você escreveu. Também acho que devemos ser reconhecido pelo que somos e não pelo o que as pessoas querem vender nossa imagem. Primeiramente acho que em nosso estado haja profissionais super competentes para todas as áreas do clube, logo não precisaríamos encher um caminhão de cariocas bons de falas e lhes entregar o clube. Também concordo que não adianta só trocar a diretoria, acho que ela precisa ser trocada já e urgentemente, mas como você bem disse a postura de quem assumir tem que ser diferente. Sempre fui a favor de oposição, mas que ela seja para fiscalizar e ajudar o clube a crescer e não apenas detona-la para assumir o poder. E assim segue o AVAI 2010/2011, sem lenço nem documento... Um abraço!
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Pois é, Rodrigo, é para pessoas inteligentes assim como você que eu escrevo. Tu pegaste no ponto exato. É aquele história, para um bom entendedor, vírgula é redação.
Abraços
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