O camarada Gerson, lá do Avaixonados, publicou um texto muito interessante e cheio de retórica (Taça vazia, por gentileza), abordando essa questão do otimismo que pode nos cegar. Se ele me permite, vou fazer um contraponto (tá, se não permitir, vou fazer assim mesmo!), que, na verdade, nem é assim uma divergência, mas uma outra análise.
Tenho levantado a questão de a participação do torcedor avaiano ser mais efetiva do que tem sido. Como, Alexandre, estás pedindo pro torcedor apoiar mais o Avaí? Não, não é isso e é isso também. Explico!
Um time de futebol tem por objetivo primário e elementar disputar campeonatos. Ganhar títulos, se possível. Nortear e divulgar sua existência através disso. Seja na várzea, ou num campeonato profissional, a condição primária é essa. E para isso ele precisa montar um grupo de jogadores, que efetive seus objetivos. Um time de futebol jamais montará um time para a sua torcida, que às vezes nem existe (vide São Caetano e ex-Barueri), mas para o torneio. E a torcida? Onde ela entra nisso? A torcida vai se afeiçoando ao time na medida em que as vitórias vão surgindo e, tanto quanto forem as conquistas o número de aficionados por este time crescerá. É uma matemática que ninguém erra.
Bom, ao longo do tempo, a torcida cria uma identidade tão forte com a agremiação, que já tem o direito de exigir muito mais que uma vitória, ou um título. A torcida exige contrapartidas, respeito à sua condição de pobre e humilde torcedor. Satisfação por ter estado ali, sofrendo, sendo humilhado e apoiado seus acertos e bobagens. Se quiser que eu continue torcendo, meu time, vais ter que fazer muito mais do que isso!, é o discurso que passa a ser comum.
E é assim que começa a surgir o torcedor profissional. Ele já tem um compromisso assumido com o seu clube e seu time, e deixa, esta condição, de ser um lazer inicial para se tornar uma entrega e uma paixão absurdas e inomináveis. Ele fica cego. Ao menos, míope.
Abre-se, aí, um paradoxo, pois ao mesmo tempo que exige e estrebucha de raiva, também aplaude e chora, declarando seu amor eterno. E deixa de ser crítico.
O torcedor crítico, o verdadeiro crítico, nem é sabão liso e pegajoso, que baba incondicionalmente, tampouco é corneteiro contumaz, que só vê erros o tempo todo. Ele não é pessimista e nem otimista. O torcedor crítico observa com seus próprios olhos, sem interfaces.
O cálice que nos entregam, seja com vinho ou água, aparece na construção do proprio time e está cheio até a borda, ou mesmo pela metade, mas o torcedor comum e profissional se contenta com isso, em enxergar pela ótica DO CÁLICE, ou através de alguma coisa, ou que adota, ou que lhe imputam. Otimista ou pessimista, este torcedor não enxerga o fato, mas as diversas interpretações que vão aparecendo.
E é aí que faço essa singela recomendação. Afastem esse cálice! O torcedor tem que começar a buscar as suas próprias fontes esclarecedoras. Como fazer? Sei lá, eu aprendi, mas acho que perdi a fórmula. Ir na onda do Alexandre, do Gerson, da RBS, da diretoria, do vizinho do lado não fará o torcedor compreender o que se passa no Avaí. Pode ser presunção de minha parte, mas o Avaí está prestes a se tornar um fenômeno, mas sob a espada de Dâmocles. Ou correndo sobre o fio da navalha.
Entender a mudança que está sendo efetuada na Ressacada é o primeiro passo para o torcedor ser crítico, sem babação e nem xingar a torto e a direito. Sem ser uma geladeira siberiana e nem um vulcão islandês. Apenas sendo um torcedor exigente e participativo e retirando os véus que lhe encobrem a visão.
Afaste de mim esse cálice!
Postado por
Alexandre Carlos Aguiar
às
17:43
terça-feira, 8 de junho de 2010
2 comentários:
-
Rodrigo, tu não vale. Tu já és o crítico que eu quero. hehe
Ah, antes disso, quero dizer pra ti que não sou porta-voz de ninguém, velho. Aliás, nem me incomodo se as pessoas concordam ou não comigo. Apenas usei uma figura de retórica aí no texto. Capice!
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Com todo respeito Alexandre, acho que vcs blogueiros estão se superestimando, me refiro a todos os blogueiros sem exceções, graças ao STF vcs podem até ser jornalistas. O torcedor é inteligente pelo menos a maioria, ele vê o Avaí com seus próprios olhos, e quando vê opiniões semelhantes as suas estampadas nos blogs vai lá dar um pitaco, se contrário vai rebater a opinião. Não há dúvidas que muitos se influenciam por opiniões alheias, mas não vamos tomar como regra uma exceção. Trazendo as letras da lei para o debate "fatos notórios não precisam ser provados", é evidente a evolução e as transformações do Avaí para melhor, é evidente que no momento o time está mal e isso ninguém precisa mostrar ao torcedor. Se a diretoria quer saber o que o torcedor pensa é só estar na ressacada em dias de jogos, não precisa de reunião com blogueiros, essas reuniões não acho que sejam salutares fica parecendo outra coisa, não permito que blogueiros sejam meus porta-vozes, a torcida como coletividade fala por si só, e isso tudo LÁ NA RESSACADA.
Abraços