Bom, não sou muito bom em latim e nem pretendo me tornar padre, mas a frase acima é famosa nos meios eruditos, principalmente nas Letras e no Direito, e significa: sem cólera e nem parcialidade. Foi declamada pelo historiador romano Tácito, que queria dizer o modo como a história deve ser escrita.
Recorro a isso pela forma como tem sido descritas as coisas na África do Sul graças à Copa do Mundo de futebol, que começa já na próxima sexta-feira. As descrições, comentários, reportagens, fuxicos e fofocas dão conta de uma nação em polvorosa, habitada por negros de olhos esbugalhados, famintos, prontos para levar bolsas, malas, carteiras e celulares dos incautos turistas, jornalistas e profissionais das diversas áreas que estão indo lá observar a Copa do Mundo. Não sei como ainda não disseram que canibais poderiam devorar jogadores e técnicos das seleções. Uma verdadeira verve preconceituosa sendo destilada pelos meios de comunicação afora.
O continente africano foi roubado, estrupado, assassinado, massacrado, vilipendiado de todas as formas pelos povos europeus. Pelos limpos, educados e asseados povos da Europa branca e protestante. Durante séculos as nações africanas estão a curar suas feridas abertas pela sanha colonizadora da Europa branca reluzente, cujos adeptos e puxa-sacos estão, ora, vejam só, distribuidos neste Brasil colonizado também por europeus.
Pois agora, quando um país africano, após ter passado pelos mais terríveis momentos impostos pela comezinha condição humana, que foi o apartheid, os mesmos africanos que recebem o resto (e resto, mesmo!) do mundo de braços abertos e tenta lhes oferecer um espetáculo, são chamados de ladrões, assim, abertamente, sem nenhuma repugnância.
É bom saber, pra quem é limpinho e asseado, que bandidos e ladrões há em todo lugar, desde a Indonésia à Islândia, passando, inclusive pelo Brasil, desse mesmo Brasil cujos turistas e jornalistas estão indo lá dizer que tomem cuidado, pois podem ser assaltados.
Ora, ora, santa desfaçatez, Batman!
Sine ira et studio
4 comentários:
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Ontem o tal de Pedro Ernesto, que é um tipo de Prates do bem lá de Porto Alegre, entrou no Deboche Diário e deu uma enquadrada em todos eles. O Miguel começou com a palhaçada sobre segurança, sobre as condições lá da África do Sul, aí o sujeito deu um tapa sem luva, sem pelica, e deixou todo mundo calado. Foram uns 5 minutos de silêncio total e só o cara falando. Disse exatamente o que está aí acima.
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Muito bom mesmo, falam da África como se esta fosse a vilã. Sabemos que hoje eles passam por vários problemas deixados pelos europeus.
Vi esses dias um filme chamado "Hotel Ruanda" mostra bem o que fizeram o povo Belga naquele país e depois os deixaram com uma grave guerra civil matando milhares de pessoas.
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Pois é, Eduardo, a África é muito rica pra ser destruída pelo falso-moralismo de meia dúzia de zé ruelas.
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Muito bom seu texto, concordo plenamente. Quem olha fica parecendo que os jornalistas estão indo para uma zona guerra, principalmente pela imagem que os 3 bobos da corte da RBS passaram antes de sair do Brasil. O que menos se vê deles é reportagem estão em ritmo de férias isso sim.
ABraços