Porque sofrer tanto?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Budismo nos ensina que a raiz de todo sofrimento está no nosso “ego”.

O ego é o EU de qualquer vivente. Na interpretação da teoria psicanalítica, o ego nos permite perceber a realidade com um máximo de prazer e um mínimo de conseqüências negativas. Deve haver, portanto, um equilíbrio entre os desejos e a própria condição da realidade, ativar nossas aspirações e o que é possível se obter do mundo à nossa volta. Quando, em algum ponto, isso pende para um lado, há ou soberba desmedida ou a frustração arrasadora.

Faço essa arenga erudita para inserir o comportamento do avaiano, algo que passo a chamar de avaianismo. E quando me refiro ao avaiano, ponho todos, torcedores, diretores, jogadores e quero-queros da Ressacada num mesmo balaio. Somos um amontoado só e todos antipáticos e refratários ao fracasso.

Bom, não estou dizendo nenhuma novidade, pois qualquer torcedor é dotado destes méritos. Qualquer pessoa que assuma um cargo de administração também não gosta de crises, ainda mais quando está à frente de um clube de futebol. Pois o avaianismo é um troço diferente. É uma forma de entender que há problemas, mas ainda sim somos felizes, de compreender a realidade e, ainda sim, sorrir para as agruras. Exigir disposição e dar-se conta das limitações. O avaianismo é um paradoxo, uma contradição, um absurdo, um disparate, coisas que nos tornam diferentes.

Ora, o ego avaiano entende perfeitamente que somos um clube periférico, representado por um time de jogadores medianos. Nosso fardo, nosso destino num campeonato difícil e equilibrado como o Brasileirão é o de disputar o rebaixamento, diz a lenda. Como coadjuvantes, estamos fadados a participar igual a um outro clube de futebol daqui da Capital de Santa Catarina, que nos envergonhou por sete anos seguidos. Assim está escrito nas tábuas encontradas na Suméria desde 5 mil anos.

E o que é que o nosso Avaí Futebol Clube faz? Muda as perspectivas. Inverte a ordem. Altera as leis naturais da Física e da Química, se coloca entre os poderosos e dá tapas de deixar marcas nos ditos clubes grandes do futebol brasileiro. Já esbofeteamos Corinthians e Flamengo em nossa casa, já incomodamos o Palmeiras lá no Palestra, já fizemos partidas heróicas contra o Galo Mineiro e o Cruzeiro, tornamos o outrora imortal Grêmio num franguinho desmilingüido e agora batemos o campeão mundial e das Américas na sua casa, um feito raro no futebol mundial. E estamos na iminência de, se o cometa Haley não passar por aqui fora de hora, “cometer” um daqueles crimes astronômicos na Ressacada no próximo domingo, quando o mundo todo, o mundo todo mesmo, estará com os olhos voltados para a nossa arena na estréia do Felipão no Palmeiras.

Mais uma vez o nosso EGO pretende se modificar em relação à realidade e mais uma vez o avaianismo, o jeito futebolístico de sofrer, estará no ar neste fim de semana. Como diria o filósofo dublê de locutor de corridas de autorama: “é teste pra cardíacos!”

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