Pois foi a isso que assisti no tal programa do Galvão Bueno, o Bem, Amigos, que de amigos só tem os seus. Foram quase duas horas de embrulhar o estômago. Nunca, antes, tanta falta de caráter se acumulou num espaço tão pequeno de estúdio de TV.
Os desidiosos, evidentemente, aplaudem este tipo de postura, que se revela um amor pátrio às boas práticas do futebol, perdido desde a copa de 1990, diriam em sua vertente teatral. Porém, é fato, a Rede nacional de fazedores de cabeça quer incutir na mentalidade nacional o seu jeito de pensar, independente do que é certo ou errado, e desde que seus intere$$es não sejam afetados ou enfrentados. Por que, não é disso que ela fala, de futebol, ela não está incomodada, de jeito algum, com a quantidade de bolas nas redes ou com o número de chapéus, passes magistrais ou gols de letra. Ela está preocupada com seus contratos comerciais.
Não me vejo esterilizado pelo protocolo do politicamente correto, até por que acho isso uma hipocrisia, mas também não me submeto a regras do gado no curral. A lógica “consumo, logo existo” eu abomino, pois vai de encontro às práticas democráticas. Lutei pelas liberdades e garantias individuais exatamente pela possibilidade de dizer não. E é nisso que a postura do Dunga se espelha à atitude de quem pensa assim. Dunga nunca foi e nunca será meu tipo de jogador e, agora, de técnico preferido, mas a sua postura, sim. Por isso eu o aplaudo e por isso me insurjo contra a maneira de agir e se impor da Rede nacional de fazedores de cabeça.
A liberdade de expressão, um dos princípios basilares da democracia, garante que podemos dizer, ter opinião, pensar a acreditar em qualquer coisa. Isso é essencial para a formação do cidadão e, exercidos ad eternum, sacramenta a sociedade democrática. Agora, quais são os contratos sociais que garantem essa democracia? A capacitação do respeito mútuo.
O que tenho observado é que a incitação à calúnia e à difamação, o deboche, a tentativa do riso fácil e sem responsabilidades, sem escrúpulos, atropelam o limite da convivência pacífica entre os pares. É uma forma de se afastar o respeito quando se exige dos outros.
Me fizesse lembrar uma propaganda antiga da itapema... o cara gira o "dial" e cai num funk estrondoroso, gira mais e cai num daqueles axés que ordenam que glúteos saltitem, assim vai até que cai numa música (não lembro qual agora), mas algo do tipo toquinho e vinícius... e ele solta um suspiro..."uffff" de alívio...
Pois este fui eu... entro na globo, entro no clic, entro num blog, entro num outro... eis que finalmente leio este post... "uffff"...