2010: o ano que mal começou e já terminou

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Os teóricos da Mecânica, da Física em geral, aliados aos da Economia debatem constantemente o paradoxo do crescimento exponencial: mal se começa e já se chega ao fim. Porque? Pela razão de os recursos não suportarem a carga de consumo.

Trazendo-se essa analogia para o nosso vasto mundo do futebol, jogar competições difíceis é assim também. Quando menos se espera os seus sonhos já escorreram pelas mãos como areia da praia. Por isso, me causa ânsias aquele troço de que “o campeonato está apenas começando”, ou, mais terrível ainda, “falta muita coisa pela frente”. Quando se vê, já é tarde demais para corrigir a rota do veículo em colisão. O muro rígido das lamentações está bem ali, há poucos metros, e a face é mole. Todavia, sem querer, a gente acaba adotando esse discurso chinfrim, até para curar mazelas existenciais, ou para assumirmos um alento dos perrengues que vamos adquirindo pelo caminho. Mas isso é um erro, dos grandes.

Quem começa um campeonato de futebol igual ao da série A do Brasil já tem que ir ganhando a 1ª. partida. E se possível, de goleada. Mas, antes disso, deve ter montado suas bases e estruturas. E preparado planos alfabéticos com históricos estatísticos. Plano B para a 1ª. parte do campeonato, plano C para a 2ª., plano XYZ para quando tudo der errado.

Nos últimos anos temos acompanhado o crescimento do Avaí Futebol Clube. A trajetória não foi exponencial, foi aritmética, pois íamos comendo a sopa pelas beiradas, de acordo com as possibilidades e pra não pelar a língua. Foi uma fórmula que deu certo e trouxe frutos, nem o mais pessimista dos críticos pessimistas nega. E até bem pouco tempo, para ser preciso há algumas semanas, isso ia de vento em popa. Não me venha algum bruxo de ocasião dizer que já imaginava o caos se aproximando lá atrás. Ninguém imaginava. Tinha-se suspeitas, levantam-se hipóteses. Suspiravam-se revisões de condutas, um trocinho aqui, outro ali. Nem a malfada majorações de preços era páreo para o “campeão paulista”, pelo que víamos. Era uma questão de tempo fazermos um campeonato bom até o fim do ano, ainda com algumas discordâncias quanto às condutas do mar quetingui avaiano.

Porque raios e cargas d’água, então, se o ano de 2010 era para se consolidar como o ano do espetáculo nas terras ao Sul da Ilha dos catarinenses, as coisas parecem se encaminhar para um final dramático e tenebroso?

A resposta é mais óbvia que sol nascendo no leste e ir dormir no oeste. O olhinho do ciclope cresceu, a ponto de só enxergar um ponto, uma posição no mundo que se abriu diante dos narizes: dinheiro. Aquele negocinho que traz felicidade e desespero.

Já dizia o memorável Karl Marx que as pessoas não se politizam, não avançam seus conceitos pelo cérebro, mas pela barriga. Depois da pancinha cheia é que o incauto esfomeado pensa. E analisa. E declara: "fiz merda! Vou ter que começar tudo de novo."

A única coisa a combinar é se vale à pena começar tudo outra vez. E torcer pro ano acabar logo.

1 comentários:

  1. Enquanto citavas o teu Karl Marx, lembrei-me de Plínio Marcos, que disse "quem está na fila do feijão, só quer saber do feijão"!
    E tal qual um esfomeado, sonhamos mais alto do que deveríamos, "importando" celebridades para comandar nossos negócios, como se na província todos fossem incompetentes...
    Tenho certeza mais do que absoluta de que esteramos na Série A e na Copa Sul-Americana em 2011.
    Mas, perdemos a essência de torcer em conjunto, quando fazíamos de nossa casa um verdadeiro e cotagiante caldeirão.
    Independente do que venha no resto deste ano, perdemos 2010...
    Saudações AvAiAnAs!
    André Tarnowsky Filho

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