Na série A do campeonato brasileiro de futebol joga-se uma competição das mais difíceis do mundo. Que ninguém venha dizer que é medíocre e nivelada por baixo, pois é dela que saem a maioria dos craques que desfilam pelo futebol mundial. O Brasil é o maior celeiro de jogadores de futebol neste planeta da jabulani e muitos deles são crias da nossa série A.
Em cada temporada temos duas ou três revelações, tanto entre os jogadores, como em relação a treinadores. Além do mais, times bem montados e competitivos são a sensação das diversas edições deste torneio. Ele só tem um problema: não é rentável.
Essa rentabilidade, por sua vez, atinge principalmente os times ditos emergentes, ou cujos clubes possuem folhas de pagamento de mosteiros. A ordem é jogar com garra, raça e disposição, para depois os jogadores-monge receberem a verdinha que lhes acalenta o espírito. Ao menos para sanar as contas de água, luz e telefone, ou a fraldinha do rebento em casa.
Isso é o que faz a ciganagem migrar dentro da própria competição, ou arrumar malas daqui para o exterior atrás das ditas verdinhas, fazendo com que times e estruturas corram como oficinas mecânicas atrás de peças de reposição.
Neste instante é que residem as diferenças na série A. Enquanto um clube de porte médio para pequeno, cuja folha não compra uma Ferrari por mês, se estripa em manter o desempenho com “o que tem”, e/ou com a ajuda de mecenas irrenunciáveis, um clube de histórias e estatísticas, com algum custo é bem verdade, mas dotado de credibilidade na praça, vai se esgueirando e arrumando o quebra-cabeças da forma que lhe convém, e ainda com a ajuda de grandes provedores: redes de TV, consórcios de mega-empresas e contratos de marketing milionários. Estes, quando disputam o rebaixamento, é por total incompetência, enquanto aqueles emergentes vertem suores e sangue com os caraminguás que lhes cabem.
O clube que se torna órfão de uma Ferrari, para conseguir bater com a credibilidade dos grandes tem, então, para almejar o Nirvana, que fazer parcerias fecha-porta, se submeter a contratos de risco, receber jogadores a granel de qualidade duvidosa e oferecer sua vitrina. E quando alguma andorinha não faz o seu verãozinho, corre o risco de ter a parceria, outrora lépida e fagueira, agora bicuda e intimidativa.
O que deve fazer o clube de poucas ambições para que seu time não viva constantemente no fio da navalha e, um dia, chegar ao status de super supremo da série A?
Montar uma categoria de base forte, consistente, cujos resultados a médio e longo prazo o façam atingir objetivos duradouros e não randômicos.
Isso deve servir de lição ao Avaí Futebol Clube, cujo ano de 2010 era para se tornar um paraíso e já demonstra beirar ao inferno. Tínhamos uma categoria de base vencedora, que foi desmantelada por abusos de diversas ordens. Mas temos estrutura, temos gente qualificada para remontar o projeto e temos uma torcida, a “verdadeira torcida avaiana” - que foi afastada pelas vaidades de um bando de alienígenas - esperando para ser reconvocada. Embora esteja bicuda, ela não abandonará o clube quando ele precisar, isso é certo, pois a paixão perdoa tudo, desde que se calce as sandalinhas da humildade.
A propósito, comerciantes e políticos não podem ter inimigos tolhidos por vaidades, sob pena de seus produtos e projetos não vingarem. Dirigentes de futebol têm um pouco de comerciante e de político, aliado à paixão que é o futebol.
Dessa forma, vaidades devem ser lançadas ao ralo e humildades hasteadas como bandeiras no mastro mais alto. Até porque, quem jamais poderá sofrer é a entidade Avaí Futebol Clube. Esta, não! Nunca! Eu sou um avaiano, eu não vou deixar. E você?
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