As diversas tribos que compõem a fauna de habitantes das cidades têm seus códigos de conduta. Tem iniciativas, anseios, disposições à sua maneira. E uma linguagem própria, que muitas vezes pode parecer agressiva, mas é uma forma de dizer as mesmas coisas de maneira diferente. Os rapazes e moças das periferias, por exemplo, gostam de um hip hop, de samba de raiz. E usam uma expressão muito peculiar para dizer que são sinceros e que querem a coisas bem esclarecidinhas: “comigo o papo é reto”.
É essa expressão que eu quero usar para um certo clube de futebol que habita a Ilha de Santa Catarina, e que joga na série A do campeonato brasileiro, o tal de Avaí Futebol Clube. É o tal, sim, pois o Avaí que eu conheço já está se distanciando desse daí. A expressão significa, para este Avaí, adotar uma conduta e segui-la, se quiser alguma coisa de importante na vida.
No tempo das vacas anoréxicas havia um objetivo único e comum. Ainda que poucos participassem daquele momento, havia expectativas e promessas de manter aquela humildade, garra e disposição até o fim dos tempos. Havia um pensamento único, uma coesão tanto de valores quanto de disposição. Era o Avaí Futebol Clube do Sul da Ilha da Magia com sua torcida fiel e fanática, com seus dirigentes abnegados e com jogadores raçudos e voluntariosos a tentar um lugar ao sol. Perdendo ou ganhando, o comportamento era sempre o mesmo. O papo era reto.
Passados dois anos de participação na elite do futebol brasileiro o que se vê? Papos e condutas tortas, estranhas, esquisitas, sem convicção, posturas alienadas da realidade, conchavos, matreiragens. Ver o Avaí hoje dá pena. Pena pelo que foi construído, dos camarotes, arquibancadas, gramado, expectativa de um CT de primeiro mundo, coisas embaladas em sonhos e perspectivas, e que pode ter tudo largado numa calçada esburacada. Pena do que poderia ser e nunca foi. Pena das calças arriadas aos que nos desprezam. Pena das máculas para com a torcida, que sempre o acompanhou.
Mesmo que saiamos dessa sinuca de bico, que consigamos dar a volta por cima, ficou a nódoa. Há uma cicatriz, um rasgo no tecido que forja os avaianos. A revisão de todo esse processo, para se voltar à realidade, não deve ser mais dos planejamentos nauseabundos, mas de valores, de regras estabelecidas e objetivos muito bem delineados com seus respectivos planos de contingência.
O papo agora é reto. Primeiro tirar o Avaí dessa enrascada. E depois, em 2011, independente de qual série esteja, rever princípios e trazer o verdadeiro Avaí de volta. Usando um argumento de Nelson Rodrigues, para ser maior em alguma coisa exige-se uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.
Não passamos pelas dificuldades já conhecidas, por todos os perrengues, pelas piores humilhações para agora, de bandeja, de mão beijada, por causa de meia duzia de mequetrefes dodóis, entregar tudo. Agora, não. Que sejam homens os que defendem o Avaí.
Caríssimo Alexandre, por muitas vezes no site do Souavaiano lhe chamei de chato pelo comentários e colocações ufanistas, tanto que você não mais ali postou, se postou, postou com outro nome, porem o que eu quero lhe dizer é que você passou a ter o meu respeito e a minha consideração, apesar de não lhe conhecer.
Acredito que os relhos que você levou nos ombros fez você ver o nosso Avai com outros olhos, o que está acontecendo, lamentavelmente, com o nosso glorioso já estava plantado, estava latente; talvez tenhamos que passar pelo o que passou o time do continente para podermos nos levantar, pois, este realmente não é o nosso Avai, fomos despresados, estou profundamente humilhado, espero no final do ano ver esta corja de jogadores bem longe da Ressacada e que a subida e a descida nos sirva de lição.
Cordialmente
Eron Rutkosky