Como cães lambendo feridas, os avaianos estão se encontrando na Ressacada para constatar e testemunhar o injustificável: como que um time considerado mediano, pois para ruim é pouco provável, não consegue superar a fase e sair desse sufoco? E acaba, esta torcida, tendo que jogar sem poder tocar na bola.
A autocomiseração do lado de fora do campo é algo que se tornou comum, trivial, está em vias de banalização. A impotência da torcida já é enorme. Agora não há muito o que fazer, a não ser ficar exercendo o papel que lhe cabe nas arquibancadas. Todos, assustados, não conseguem entender o que se passa no tapete do estádio dos Carianos.
Os avaianos vêem, passo a passo, o time de jogadores afundar a instituição, sem que alguma palha seja movida, ou permitida mover, para a reversão desse quadro. A hora do pesadelo final está chegando e os avaianos estão constatando o que antes era impensável.
Pudera cada torcedor ter a oportunidade de entrar em campo e fazer os gols que não se faz, jogar as jogadas tornadas displicentes, sujar o calção como um jogador de brio. Pudera um destes que vergam o manto azul e branco ter, ao menos, um pouquinho de raiva, desejam os torcedores. Mas, nem isso. Não é permitido entrar em campo para tomar nas mãos o que deixaram de fazer. Foi terceirizado a alguns estranhos, que sequer sabem cantar parte do hino do Avaí, a possibilidade de disputar campeonatos pra gente avaiana.
E, por isso, contas e contas são feitas a cada rodada, papéis são rabiscados e amassados, calculadoras pedem mais baterias e o avaiano acabou se tornando expert em matemática. Tudo na vã tentativa de achar um número mágico, nas tabelas complicadas do brasileirão, um símbolo qualquer que ajude a disfarçar sua angustia. Coração pulsando em ritmo normal? Isso não faz parte de um peito avaiano.
O avaiano se encaminha para o funil dos incautos. Era desprezado e desprezível figura, lá no começo do ano, e agora será o único a chorar nessa lenta agonia.
E ainda, se fossem apenas os maus resultados em campo, o torcedor avaiano tem que se conformar com arbitragens bandidas e jornalistas boçais, que tripudiam, humilham e fazem pouco da dignidade daqueles que se arvoram como torcedores do Leão da Ilha.
Colocado no corredor da morte dos incompetentes times do campeonato brasileiro de futebol, o avaiano ainda sonha com uma respirada de seu time. Quer acreditar. E custa a acreditar no que vê e ouve. Sabe que há chances. Tem certezas disfarçadas. Eloqüentes discursos para agradar a si mesmo. Mas, no fundo, sabe que a canoa já tem um furo e o barco está à deriva. E percebe que só um esforço hiper super concentrado reverte esse troço, coisa que não houve até agora.
Ao final, serão todos sacrificados e enterrados junto aos jogadores? Espero que não. A nação avaiana é muitas vezes maior e mais digna do que isto que se presencia a cada semana. Eles, estes que estão aí proporcionando esta pantomima inacabável, não fazem parte da gloriosa história do Avaí Futebol Clube.
"Eles, estes que estão aí proporcionando esta pantomima inacabável,.."
Estes que estão aí deveriam sair pela posta dos fundos e rasgar seus nomes se estiver escrito em algum lugar do clube.
Eron