A dignidade avaiana

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Como cães lambendo feridas, os avaianos estão se encontrando na Ressacada para constatar e testemunhar o injustificável: como que um time considerado mediano, pois para ruim é pouco provável, não consegue superar a fase e sair desse sufoco? E acaba, esta torcida, tendo que jogar sem poder tocar na bola.

A autocomiseração do lado de fora do campo é algo que se tornou comum, trivial, está em vias de banalização. A impotência da torcida já é enorme. Agora não há muito o que fazer, a não ser ficar exercendo o papel que lhe cabe nas arquibancadas. Todos, assustados, não conseguem entender o que se passa no tapete do estádio dos Carianos.

Os avaianos vêem, passo a passo, o time de jogadores afundar a instituição, sem que alguma palha seja movida, ou permitida mover, para a reversão desse quadro. A hora do pesadelo final está chegando e os avaianos estão constatando o que antes era impensável.

Pudera cada torcedor ter a oportunidade de entrar em campo e fazer os gols que não se faz, jogar as jogadas tornadas displicentes, sujar o calção como um jogador de brio. Pudera um destes que vergam o manto azul e branco ter, ao menos, um pouquinho de raiva, desejam os torcedores. Mas, nem isso. Não é permitido entrar em campo para tomar nas mãos o que deixaram de fazer. Foi terceirizado a alguns estranhos, que sequer sabem cantar parte do hino do Avaí, a possibilidade de disputar campeonatos pra gente avaiana.

E, por isso, contas e contas são feitas a cada rodada, papéis são rabiscados e amassados, calculadoras pedem mais baterias e o avaiano acabou se tornando expert em matemática. Tudo na vã tentativa de achar um número mágico, nas tabelas complicadas do brasileirão, um símbolo qualquer que ajude a disfarçar sua angustia. Coração pulsando em ritmo normal? Isso não faz parte de um peito avaiano.

O avaiano se encaminha para o funil dos incautos. Era desprezado e desprezível figura, lá no começo do ano, e agora será o único a chorar nessa lenta agonia.

E ainda, se fossem apenas os maus resultados em campo, o torcedor avaiano tem que se conformar com arbitragens bandidas e jornalistas boçais, que tripudiam, humilham e fazem pouco da dignidade daqueles que se arvoram como torcedores do Leão da Ilha.

Colocado no corredor da morte dos incompetentes times do campeonato brasileiro de futebol, o avaiano ainda sonha com uma respirada de seu time. Quer acreditar. E custa a acreditar no que vê e ouve. Sabe que há chances. Tem certezas disfarçadas. Eloqüentes discursos para agradar a si mesmo. Mas, no fundo, sabe que a canoa já tem um furo e o barco está à deriva. E percebe que só um esforço hiper super concentrado reverte esse troço, coisa que não houve até agora.

Ao final, serão todos sacrificados e enterrados junto aos jogadores? Espero que não. A nação avaiana é muitas vezes maior e mais digna do que isto que se presencia a cada semana. Eles, estes que estão aí proporcionando esta pantomima inacabável, não fazem parte da gloriosa história do Avaí Futebol Clube.

4 comentários:

  1. Eron disse...:

    "Eles, estes que estão aí proporcionando esta pantomima inacabável,.."

    Estes que estão aí deveriam sair pela posta dos fundos e rasgar seus nomes se estiver escrito em algum lugar do clube.
    Eron

  1. Gilberto disse...:

    Alexandre, tenho algumas coisas para falar sobre o Avaí. Não que eu tenha conhecimento de algo que não é noticiado. Mas fruto de minhas observações. Porém, quero esperar acabar os jogos do Leão este ano. E independente do que ocorrer não mudarei uma vírgula do que tenho em mente e pretendo escrever.

  1. Gilberto, pode ficar certo que também tenho "coisas" encalhadas. A sorte (ou azar, sei lá) do Avaí é que a gente tem tutano e sabe quando é a hora.

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