Que seja infinito enquanto dure

O velho e bom Soneto da Felicidade, de Vinicius, se bem lido e entendido, pode refletir este momento avaiano. Do momento do clube e de sua torcida:

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Tenho lido e ouvido avaianos com vergonha. Envergonhados e cabisbaixos. Mas vergonha de que? De quem?

Estamos com dificuldades, é verdade. Todos os problemas, que já sabemos quais são, estão se acumulando como galho de enchente. A nossa vida não tem sido nada fácil. E, ainda sim, impomos preocupação aos adversários, que para se safar dos problemas necessitam de ajudas.

Eles estavam preocupados. Eles supunham que poderia dar zebra. Eles tomaram um baile na Ressacada no 1º. Turno e não poderiam ser humilhados em casa.

Não estou pondo a responsabilidade na arbitragem, antes que algum bocó me condene. Nada disso. Todavia, o grande e poderoso Corinthians depender de juiz para ganhar do combalido Avaí, isso sim, é vergonhoso. Quando os adversários poderosos necessitam de “ajuda externa” para nos vencer, é aí, mais ainda, que meu orgulho pelo Avaí cresce.

Não tenho vergonha de nada. Meu time, o Avaí, participa da série A do campeonato mais equilibrado do mundo. E tanto pode subir como descer, é da vida do futebol. Outros grandes e pequenos já passaram por isso e o mundo não acabou. Até um que é comparado ao Real Madrid lá da Coloninha, por ter ganhado de equipes medíocres, também tiveram seus percalços.

O que me dá alento é saber que o "ganhar de qualquer jeito do Avaí", falado nesta semana em São Paulo, nos remete importância, coisas que os próprios avaianos estão descartando. Eu, não. Eu dou importância devida a quem merece, mesmo que lá nas quatro linhas eles, os que vestem o nosso manto, nem se importem assim com a gente.