Constantemente nos deparamos com “caras que se acham”.
Há aqueles que não guardam o telefone da garota para tirar onda dizendo que ela é inesquecível (e depois saem correndo anotar num bloquinho), tem os caras que não recomendam usar a camisa de um time de futebol, pois só ele entende de malha e de design e aquela nova versão é feia (claro que ele compra pra mulher e pros filhos, mas eles não vão ao estádio), há ainda os zé ruelas que vivem peitando autoridades as mais diversas, mas quando são convidados para um evento ou são sorteados a visitar suas instalações se urinam de felicidade. Há torcedores de futebol, por exemplo, que chamam jogadores de mercenários por qualquer motivo, contudo na primeira chance em que surge um “empreguinho de pau mandado” no clube se babam e engasgam de alegria por terem sido lembrados. Há também jornalistas que se dizem imparciais e honestos, mas que vivem vomitando elogios gratuitos (??) para uma determinada agremiação futebolística.
Enfim, a fauna de últimos biscoitinhos do pacote é imensa.
Agora temos o cara que se acha na Federação Catarinense de Futebol, o tal de Delfim.
Convidado para capitanear a delegação da seleção sub-20, vitoriosa recentemente, e não contente com a pantomima patética em que atuou como bobo da corte na entrega dos prêmios ao time campeão, resolveu fazer o agradecimento ao seu padrinho, o tal de Ricardo, apelando a uma excrescência dos tempos da ditadura, a censura.
O infeliz proprietário da cadeira número 1 da FCF, para fazer a sua babação típica e badalação alucinada mandou dizer (como um bom garoto de recados) que proíbe qualquer manifestação no estádio Orlando Scarpelli, no dia do clássico entre Avaí e Figueirense, contra seu adorável tutor e padrinho. Pois o puxa-saquismo não teve limites e chegou às raias da indecência. Recomendou, pasmem, a leitura do Estatuto do Torcedor, ferramenta democrática que eleva à categoria de cidadão qualquer torcedor de futebol no Brasil, para, justamente, numa atitude surreal, ir contra o torcedor. Ou seja, mandou andar para trás.
Não sabe ele, que se incrustou na cadeira número 1 da FCF graças a um séquito de bajuladores, que este instrumento, o Estatuto do Torcedor, é apanágio da democracia e dos torcedores, que o usam como de direito. Não é propriedade de ditadores de araque e de dirigentes mequetrefes. Não pertence ao poder, mas faz cara feia quando o poder perde o respeito para com o cidadão, no caso aquele que é mal recebido nas arquibancadas do Brasil do futebol.
Esquece o proprietário da cadeira número 1 da FCF que o cidadão e o torcedor são os responsáveis, exatamente, para que este negócio chamado futebol exista. Aliás, é bom avisar a todo dirigente, em qualquer instância do futebol, que futebol sem torcedor é o mesmo que carro sem roda. Não rola! Não funciona.
A propósito, para que a encenação babadora e midiática ficasse ainda melhor, que bom seria se as duas torcidas, apenas por um momento se juntassem e ecoassem, em alto e bom som, um FORA DELFIM e FORA RICARDO TEIXEIRA. O proprietário da cadeira número 1 da FCF poderia ser defenestrado de seu cargo, pois seria acusado de haver atiçado a turba contra o dono da CBF.
É preciso dar um basta contra os ditadores e coronéis que insistem em controlar as instituições deste país!