A vez de Santa Catarina

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Há alguns anos se difundiu a tola ideia de que Santa Catarina (e, principalmente, Florianópolis) não poderia contar com dois ou mais clubes na série A do campeonato nacional. Isso vinha sendo afirmado exatamente naqueles anos nos quais o nosso rival participava do Brasileirão, fazendo algumas campanhas razoáveis, acesso que conseguiu todo mundo sabe como. Evidentemente, tal ideia surreal partia das nababescas instalações da Rua Humaitá, quiçá tornar-se-á um shopping, e era difundida pela rede famosa, aquela que chupa bomba e anda a cavalo. Ou vice-e-versa, o quê dá no mesmo.

Ora, ainda que eu torça para que os doladelá caiam até a série Z, por outro lado e sem incoerência, quero que mais clubes de Santa Catarina participem deste campeonato, inclusive eles. Não apenas o Avaí. 

Obviamente que somos os atores principais, haja vista termos mais torcedores no Estado, mas que outros alcancem este status. Isso é excelente para o crescimento de nosso futebol, trará mais investimentos e não mais seremos tratados como meras ou gratas surpresas, porém como absolutas realidades.

Santa Catarina, durante muitos anos, por razões geográficas que se aplicavam na História, ficou de fora de decisões importantes nos diversos setores da vida nacional. O relevo acidentado impedia, por exemplo, que as pessoas do Oeste progressista se relacionassem com os povos trabalhadores do litoral. Ir de Lages a Joinville era um tormento, em função das estradas precárias que serviam à região. Subir de Criciúma até Itajaí causava estertores nos viajantes, graças a uma estrada esburacada e perigosa. E sair do Sul ou do Norte para ir decidir negócios em Joaçaba ou Chapecó levava dias, razão pela qual os contatos eram raros ou inexistentes.

E isso teve reflexo na formação de nosso povo, na história do Estado e até nos aspectos culturais, incluindo aí o futebol. As rivalidades se acirravam graças ao comportamento de guetos que iam se formando em cada microrregião. Eram vários estados dentro de um só. Falando exclusivamente de nosso futebol, uma das razões de ele ser tão pobre e pouco visível é justamente esse individualismo regional formado, em detrimento de uma postura coletiva. Grande parte disso tudo, dessa pouca visibilidade, eu credito também à nossa federação de futebol, autoritária, inepta e deficiente de cabeças com pensamento empreendedor, e que vive de conchavos para favorecer um ou outro ao invés de todos.

Penso que a temporada de 2011 poderá abrir horizontes para este e outros esportes praticados no Estado alcançarem destaque na mídia nacional. A força da torcida do Avaí, que o leva a alcançar resultados memoráveis, e a exposição de nosso rival, aliado que sempre foi à mídia local, deverão fazer outros olhos se voltarem para cá. Começou com a transmissão do clássico em nível nacional, com elogios rasgados à nossa organização. Passou pela semana em que demos pauladas em grandes do futebol do Brasil. E poderemos levantar aplausos e suspiros preocupados se nos mantivermos disputando com força e garra este acirrado campeonato de futebol até o fim. Claro, com o Avaí terminando à frente do rival, para que as coisas sejam justas.

Mas, a primeira coisa importante a acontecer será a queda do sujeito que não deixa o nosso futebol crescer. Aquele mesmo que adora um charuto e uma ditadura, necessariamente nessa ordem. É por aí que começará a nossa ascensão.

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