Dossiê Avaí - as presumíveis razões de nossa queda (5)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pretendo, agora, expor algumas reflexões a respeito da marca Avaí. É a hora do Marketing.

Todos sabemos o quanto o avaiano Gustavo Kuerten falava (e fala) de sua paixão, o Avaí Futebol Clube. E foi tão prodigiosa a propaganda gratuita que fazia do Avaí, durante os anos em que esteve no top dos campeões do tênis, que até os rivais se assanhavam. Sei de muita gente doladelá capaz de até pôr uma camisa do Leão para torcer pelo mané do bolinha amarela. Foi um dos momentos de top of mind mais saborosos vividos pela gente avaiana. A pergunta é: quem, dentro do Avaí, explorou isso?

Claro que o momento vivido por Guga não correspondeu a esta gestão que agora pousa na Ressacada. Eram, a diretoria anterior, tão amadores quanto a atual. Mas a atual sequer ousou se aproveitar daquele momento vivido, ou da atual disposição do Guga, uma vez que veio com pompa e circunstância. Não montou um processo, um evento, uma redaçãozinho boba enaltecendo o Avaí, junto às palavras do surfista-tenista. Vivemos da ocasião. Nem chamar o Guga para "vender" a marca do Avaí foi feito.

O trabalho de quem vende uma marca é procurar investidores e não oportunidade de outdoors. Promover a valorização da marca é buscar alguém que se bande para o nosso lado. Isso é básico para qualquer empreendimento que se queira fazer. Desde financiar a festinha do filho que vai se formar até a produção de derivados de petróleo em grandes refinarias, tudo é uma venda de marca. Onde houver possibilidade de se buscar um investidor, isso tem que ter critérios propositivos. Não disse novidades, disse? Não sou da área, meus conhecimentos teóricos a respeito são mínimos, mas a intuição nos conduz a perceber assim.

O quesito Patrocínio, provavelmente não tenha participação substancial na queda. Não podemos imputar diretamente a ter este e não aquele patrocínio a razão linear disso. Aliás, o propósito destas explanações é purgar a dor, como já havia dito. É elencar situações que, em conjunto, chegaram ao limite. No caso especificamente do patrocínio subentende-se falta de tato da diretoria em avaliar quem nos financiava e quem poderia trazer dinheiro para a Ressacada. Ficou uma sensação de que poderíamos aproveitar mais.


Já o trabalho feito com os Produtos Licenciados foi muito bom. Foi dado um padrão de organização a isso. Mas, eu faço outra pergunta: para ficar nas pratelerias? Os avaianos compram os produtos avaianos por puro sentimentalismo, não mais que isso. Os torcedores querem um recordação, um biscuinzinho para enfeitar a sua estante, mas os preços não são acessíveis. Dez por cento mais baratos e a cidade estava infestada de coisas avaianas, tenho certeza.

Quanto ao Fornecedor de Material, a ideia é expor a marca de acordo com sua história, seu contexto e necessidades dos torcedores. Qual avaiano (ou não) comprou um chaveirinho pensando nisso? Eu não vou falar de costura, de golas, ou de cores. A gente tem que ser mais objetivo. As camisas do Avaí, como camisas de times de futebol, deixaram a desejar durante um bom tempo, por deixarem de lado a tradição. E não foi um problema deste fornecedor de material nada fanático, mas também da empresa anterior. Os critérios tanto da qualidade do material quanto dos preços são risíveis. Além do que, achar uma camisa atual do Avaí nas lojas credenciadas é uma caça ao tesouro.


A marca do Avaí está diretamente relacionada ao nosso Marketing. Não pode fugir a esse controle. Este órgão, dentro da Ressacada, é uma das provas de como a diretoria não trata ou tratou o Avaí com os cuidados exigidos para com as coisas mínimas. Há um quinhão de faturamento enorme, não apenas na Capital, mas também em todo o Estado. Sei também, por relatos de gente do Rio e de São Paulo, que somos "queridos e simpáticos" nestes lugares distantes de nosso quintal. Talvez, supostamente, pela propaganda efetuada pelo próprio Guga. E então voltamos a um estágio anterior e discussão circular.

Desde os finais de 2009, vemos "aventuras marqueteiras" sendo efetuadas dentro do estádio dos tijolinhos à vista dos Carianos. Antes era boa? Não, era amadora. Agora, existem profissionais de primeira linha, com resultados de convento de irmãs carmelitas. A MidiaWeb, a mesma empresa que projetou o fantástico e inteligente aumento de preços dos ingressos, manteve-se à frente deste departamento. Nesse meio tempo, contratou-se ninguém menos que o senhor José Henrique Areias, dotado de um currículo invejável no mundo do marketing esportivo mundial, cuja maior iniciativa foi...trazer o Savio? Quem disse que o Avaí cresceu como marca durante essa "gestão" globalizada?

Logo em seguida contamos com os auspiciosos conhecimentos do senhor Sidnei Speckart, marqueteiro de vitrines de shopping, mas que foi devidamente defenestrado pela razão de o Avaí não ser assim uma loja. Contudo, há que se reconhecer que durante este período de "estágios" no trato com a marca no Sul da Ilha, criou-se a Revista do Avaí, talvez a única peça de exposição do clube com algum caráter de qualidade. Excetuando-se, é claro, as matérias atrasadas e fora de contexto.

O marketing do Avaí não foi o responsável direto pela nossa queda. Não, nada disso. Mas estando ligado à direção demonstrou ineficiência e pouco tino para o negócio. Permitiu que o Avaí passasse pela série A sem explorar esse quinhão. Não moveu um dedo para fazer do Avaí um segundo time nacional de todo mundo. Estou brincando? Não. Em todo o planeta o segundo time de cada torcedor é o Barcelona. E os catalões não possuem um patrocínio na camisa e tampouco são adorados por serem imbatíveis ou campeões eternos. São apenas o Barelona. Quero muito com essa comparação? Quero, sim. Quero ousadia. A ousadia que nos faltou como clube de futebol para nos mantermos na série A.

11 comentários:

  1. Sergio Nativo disse...:

    Aguiar por razoes ja explicadas por voce, deixamos de ter sua presença e de seus familiares em nosso grande encontro. Estava otimo, mas sentimos sua falta. Pior, como sempre, alguns confirmaram presença e na hora H ratearam. Tudo bem, cai no preju. Belo texto, mas so de falar de Fornecedor de Material me revira o estomago. Todos os clubes ganham com Fornecedor de Material, so o Avai aceita migalhas. Esse é um dos intens que merece uma investigaçao. Varios Fornecedor de Material brigam para patrocinar um clube e um time com a maior torcida dentro e fora de SC se sujeita a vender material de fundo de quintal a um preço tao exorbitante.

  1. Fábio disse...:

    Aguiar, tenho lido o dossiê diariamente e gostaria que o "dono da bola" fizesse o mesmo, pois isso é o que vem sendo dito de forma fracionada desde 2010.
    Será que ele para pra ler ou os acessores repassam o sentimento dos torcedores?

    Abraço

  1. Serjão, as minhas razões tu já conheces.

  1. Fabio, tenha certeza que é lido, sim.

    Eu, particularmente, não entrego em mãos, pois aí estaria misturando as coisas. Embora alguns pensem ao contrário, eu sei diferenciar as coisas.

  1. Anônimo disse...:

    Agiar podes ter certeza o Avai não ganhou com Fanatic, mas vc sabe muito bem quem ganhou com essa marca, não se faça de tolo!
    Quanto ao Guga, na gestão do outro presidente, este foi um pouco explorada,porque este ainda andava as voltas em suas competições, já na gestão dessa direção foi muito mal explorada, pois o Guga já estava fora dos torneios do Grande slam, e tbem isto não nos rebaixaria, mais sim a teimosia do Zunino, que se tivesse colocado o Toninho Cecilio fora da ressacada, e trouxesse um treinador de verdade talvez mesmo com esse time fraco estariamos em melhor situação na campeonato e não iluminando o sul da ilha com nossa lanterna.



    Cocoroca Avaiana

  1. Cocoroca, fizesse uma salada aí. Te esclarece, meu filho.
    Quem ganhou com a Fanatic? Diga, não tenha medo.
    Em relação ao Guga, vais defender o Flavio Félix, quem sabe?
    Agora, é claro que isso não nos rebaixaria. Leia o texto, mô pombo.

  1. Rodrigo V. R. disse...:

    Olha muito bom essa sua série Dossiê, e por incrível que pareça estou concordando com quase tudo. Deveria ser enviado aos gabientes da ressacada, para que isso não se repita, muito embora sabemos que muitas coisas irão se repetir.

  1. Calma, Rodrigão, que vem mais coisas.
    Quanto a se repetir, a gente faz a nossa parte.

  1. Anônimo disse...:

    Aguiar defendo o Avai, o que eu ganharia neste momento defendendo o Sr Flavio Felix, que só conheço de nome e jornais, mas na minha opinião o real motivo de o Avai estar rebaixado foi, o mal planejamento, as parcerias e a teimosia com certos treineiros, inclusive com este que ainda esta no comando o tal de Neguinho,que só é neguinho da direção.



    Cocoroca Avaiana

  1. Pois é, Cocoroca, foi exatamente o que eu escrevi até agora nessa série de explanações, com uma ou outra variável.

  1. George disse...:

    Eu lembro do tempo em que o Leão fazia a confraternização de torcidas nos arredores e restaurante da Ressacada. Era bonito de ver!
    Pra mim, foi uma excelente prática, divulgando - e ratificando - a imagem de time simpático e acolhedor. Eu não tenho dúvidas de que isso seria destaque nacional, se o projeto fosse continuado.
    Veja a importância: enquanto a tradição nos estádios é confronto, confusão e barbárie, o Avaí iria em sentido contrário, propagando a paz, o entendimento, a harmonia! Somos adversários, não inimigos. Pode ser utopia, mas estava dando certo. Lembro, p. ex., dos jogos contra a Chape. Os recebemos bem e fomos bem recebidos no Oeste. Ação e reação pura, para o bem.
    Meu sonho é que seja retomado esse projeto.
    Sds.

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