Os torcedores do Barcelona

O time do Avaí é composto por jogadores medíocres comandados por um técnico sem competência. É um grupo covarde e que não pode vestir a camisa do Avaí. Deveriam ser todos mandados embora, junto com a diretoria. E, de quebra, devemos fechar a Ressacada, ou voltarmos aos velhos tempos em que não tínhamos camarotes, apenas arquibancadas de concreto, assim os ingressos seriam diminuídos. Esse Avaí não merece o torcedor que tem.

Calma! Não sou eu que estou dizendo isso. Estou apenas repercutindo, num resumo, tudo que ouvi e li desde ontem à noite até agora – e vem mais por aí. Esse resumo aí é dito por gente que entende de futebol mais do que eu. É dito por quem se acha inteligente, preparado, que “não é cego”. São aqueles que na boa campanha vão ao encontro dos jogadores e os beijam e abraçam, visitam vestiários, fazem juras de amor, levantam faixas, batem no peito como históricos avaianos, querem sempre ajudar o clube. Na podre, as pedradas.

No jogo de ontem contra o Grêmio houve alguns erros crassos de arbitragem, qualquer estúpido percebeu. Mas não vou comentar sobre isso. Por paradoxal que seja, vou exaltar tal situação, pois se um clube dito imortal tem um time, cuja história no futebol brasileiro é gloriosa, precisa da ajuda da arbitragem para vencer o meu Avaí, é porque o meu time tem o seu valor, tem a sua importância. O Avaí de hoje é muito melhor que aquele arremedo tricolor dos pampas, mas eles, para viverem a sua vida, dependem dos juízes.

E se o próprio técnico deles, que já foi nosso treinador, que subiu na vida graças às nossas cores, precisa confirmar ao vivo e a cores seu atual amor, é porque o nosso valor é muito grande, a nossa história se agiganta ante as adversidades. Ele demonstra insegurança e tem sua conduta emocional balançada. Problema dele, obviamente.

Todos sabemos que, aos olhos da mídia e dos grandes clubes nacionais, não somos mais que um Brusque, um Juventus, uma Caçadorense do âmbito do futebol brasileiro. Temos que comer muita manjuba com farinha para pleitear algum respeito neste cenário. Temos consciência disso. Se algum árbitro tiver que tomar uma decisão importante numa partida, vai optar pelo time de maior referência. Até porque, lá na frente, ele não vai querer apitar um jogo entre Avaí e Votorati. As redes de TV, o prestígio dos árbitros e a própria vida da CBF optarão por um Grêmio e Santos. Por um Vasco e Flamengo, quem sabe, numa final.

Ocorre que os torcedores do Barcelona infiltrados na torcida do Avaí evidenciam esta situação, talvez para ficar de bem com o grosso da mídia, ou acentuar sua condição de vira-latas, tão-somente, ao invés de fazerem entender que podemos, sim, chegar lá, ainda que com dificuldades e contornando os entraves históricos.

Então, é lamentável que os torcedores do Barcelona infiltrados em nossa torcida não percebam isso. Eu, ao meu modo, prefiro continuar cego e sem entender de futebol. Prefiro continuar torcendo só pelo Avaí.