Sinceridade, ainda que tardia

A palavra SINCERO deriva de um termo latino, que significa “sem malícia”, “sem mistura”, “puro”. Os escultores e arquitetos da Antiguidade, acostumados a modelar formas na pedra bruta, quando queriam esconder imperfeições, passavam cera em suas obras. Os artistas “honestos”, por sua vez, não usavam deste artifício e diziam que a obra era “sin cera”, era pura. E daí surgiu o termo sinceridade.

Trago este conhecimento para chamar a atenção àqueles que divulgam nossos produtos, a mídia. Para se fazer aumentar a aceitação e fortalecer a imagem de uma pessoa, uma idéia, uma empresa, um produto ou serviço usa-se o marketing. E é desta ferramenta que se vale a mídia para dispor tal condição no mercado. E é esta mesma ferramenta que, na maioria das vezes, usa “cera” para esconder imperfeições.

O que estamos ouvindo, lendo e assistindo em relação ao clássico do próximo domingo é o melhor exemplo de aplicação do marketing midiático. E em nenhum momento vemos a palavra sinceridade - ou sua atitude - sendo verificada, mas vemos, sim, a tentativa de fortalecer a imagem de um e o denegrimento de outro. Há uma iniciativa de “passar cera” na pedra bruta e imperfeita de uma agremiação e, para a outra, mostrar-se a imagem crua, fria, incorreta e praticamente destruída.

O comportamento da falta de sinceridade é apanágio dos fracos e desesperados, daqueles que não possuem competência suficiente para falar a verdade e usam deste subterfúgio para vender um produto podre e mal cheiroso. É querer fazer entender que o que está sendo “encerado” é o melhor e merece o apoio da maioria, talvez por interesses, enquanto o outro precisa ser afastado do convívio dos demais, por – apenas – parecer ruim.

Quem conhece a mídia local e os times que disputam o clássico sabe do que e de quem estou falando. No domingo, às seis horas da tarde, vamos saber quem realmente estava falando a verdade.