Desanimei!

Esta é a palavra que me acomete agora, após aquela sonora garfada pela qual o time do Avaí no clássico da noite passada sofreu.

Antes, quero fazer um ensaio de memória e tentar relembrar em qual jogo, em qual partida, em que campeonato, nos últimos tempos, o Avaí precisou ser escandolosamente ajudado para vencer. Se alguém que detém números e estatísticas puder me informar, eu agradeço. Pode me passar em off e eu não publico a identidade.

Pois tenho a convicção de que se houver este registro, nunca mais falarei de arbitrtagens, conluios, conchavos, armações e charutadas, principalmente no futebol do nosso quintal, o Estado de SC.

Enquanto isso não vem, afirmo que é cada vez mais evidente o compadrio, a conjuração, a trama, a armação estampada para que o Avaí não seja campeão do Estado. Se alguém ainda acredita neste campeonato eu prometo um ovo de Páscoa recheado com liquor de morango.

Alguns viventes, com supostos dois minutos de sanidade, poderão dizer que o Avaí tem sido incompetente em alguns jogos e deixa escapar os resultados, dependendo das arbitragens. Bom, mas isso, sim, faz parte do futebol. A jogada mal feita, o tropeço na bola, o passe errado, a bola na trave, o gol absurdamente perdido, daqueles gols que até o Manuelzinho da esquina em sua cadeiras de rodas não perderia. Isso tudo, ainda que nos aflija, é natural. É do futebol. Um time só acerta uma jogada se o outro errar.

O que não é do futebol é um sujeito que é pago para soprar um apito e fazer cumprir as regras do jogo cometer erros escandalosos e que suscitem desconfiança. Experimente um árbitro de volei dar a vitória para uma equipe cuja bola não caiu na quadra adversário, e não por milímetros mas por evidentes metros linha afora. Ou um árbitro de basquete que valide uma cesta quando a bola passar pelo aro, por baixo do saquinho pendurado na tabela. Nâo sairão em boa situação do ginásio, e não estou usando de retórica. Mas no futebol isso parece comum, é dito ser um "erro humano", e campeonatos ou investimentos são jogados no lixo. Que o diga a Irlanda.

A propósito, gostaria, imensamente, que alguém me explicasse a razão de o Tenente-Coronel pitbull da PM, aquele que é ex-integrante da torcida organizada do rival, aquele que adora fazer seu showzinho enquadrando marginasi pela TV, o mesmo que queria impedir a maravilhosa festa das torcidas, não ter dado voz de prisão ao Luiz Orlando Scarpelli de Souza pelo assalto descarado testemunhado por 9.000 incrédulos na noite passada.

Eu ainda me alterei com dois marginaizinhos que queriam invadir o gramado, alegando, eu, que se fizessem aquilo poderiam prejudicar principalmente ao Avaí. Quase fui à vias de fato defendendo os interesses de meu clube.

E aí, quando olhamos para os camarotes da direção do Avaí, percebemos uma infinidade de gente com cara de paisagem, sem sequer esboçar uma ruga, um frisson, sem nem mesmo ter o batimento cardíaco acelerado diante das cenas que vimos na Ressacada. Isso me levou ao desânimo, pois eram eles que deveriam estar ali, dando de dedo, com o sangue nos olhos, com a faca nos dentes, a dizer que em nosa casa ninguém nos rouba.

É nessa hora que constato que a pior tragédia de um homem é deixar algo morrer dentro dele, enquanto ainda está vivo.