A modernidade e o Avaí

quinta-feira, 29 de abril de 2010

É curioso perceber como as mudanças, nos diversos setores da sociedade atual, causam incômodo em alguns, furor nos desequilibrados e desespero nos mal preparados. Na grande maioria das vezes o recebimento de algo novo é passo principal para levar ao estresse absoluto o mais incauto dos humanos.

Na sociedade em que vivemos, pós-Revolução da Informática, com mudanças constantes, onde os costumes e conceitos são transformados num clicar de teclado, ou nos efeitos das imagens e sons digitalizados, apegar-se a coisas e idéias de ontem, enquadradas em noções que se arrastam enquanto envelhecem as percepções, é ficar no tempo, é perder a rota, é desviar-se do caminho. A modernidade, esse conceito etéreo, fugaz, que identifica o desenvolvimento, é uma visão de mundo extremamente dinâmica e envolvente, de fases mutantes, que requer preparação intelectual suficiente para compreender os desvios e tomadas de decisões, cujos resultados não podem ser medidos pelos efeitos, mas pela consciência de uma causa principal, o planejamento.

Vive do planejar quem quer conseqüências de longo prazo, admitindo mudanças sustentáveis, consistentes, sem se importar com os cenários momentâneos e perecíveis. É com o planejamento que podemos perder as batalhas mais encardidas, mas sairemos vitoriosos nas guerras ditas inalcançáveis. Ora, ninguém perde quando se dispõe a planejar.

Tenho dito, pelo conceito de manada da maioria, que o planejamento no futebol depende de dinheiro e de resultados imediatos. Só possui o epíteto de "planejado" quem ganha. Acompanho futebol desde pequeno e a cada momento que me aparece alguém ganhando, e ganhando muito, logo surgem os postulados de que "ali há planejamento, ali há um projeto", quando se sabe que não aconteceu nada mais do que um quilo de ouro caido no colo do administador de plantão. Os casos, desse modo, somam-se e acabamos conhecendo inúmeros, alguns bem ao nosso lado.

Nos últimos dez anos tenho acompanhado de perto, bem de pertinho, o desempenho da atual administração do Avaí. Do ponto de vista da maioria, do conceito comum, daquilo que todos os entendidos do futebol costumam falar, tinha tudo para dar errado. Porém, o case do Avaí é incrivelmente inédito. É um momento raro no futebol do Brasil.

Sem dinheiro, exceto aqueles caraminguás retirados dos bolsos de alguns abnegados, e com apenas o tal planejamento debaixo do braço, o Avaí está atingindo um patamar inadmissível dentro da estrutura do futebol administrado no Brasil. O Avaí quebrou a corrente do comportamento comum do que se vê por aí.

Ainda há uns e outros especialistas com receitas infalíveis (?) tirados do receituário de clubes nacionais, num autêntico complexo de vira-latas, a dizer que o Avaí poderia fazer diferente, que fizesse assim, ou assado, que seria bem melhor, etc, etc. Porém, o Avaí, abdicando até do lugar-comum, consegue sobrepujar o ideário do caminho mais simples.

O Avaí, hoje, o novo Avaí, é um exemplo de modernidade e os críticos, um a um, vão caindo como cartas num castelo falacioso. O Avaí, esse Avaí que está aí, agindo assim, terá vida longa.

2 comentários:

  1. Rodrigo disse...:

    O avaí vai muito bem, estádio bonito e moderno, títulos, calendário muito bom, time preparado para série A.
    Só que não vamos esquecer essa administração está no Avaí a muito tempo, e foi apenas de uns 3 anos pra cá que o Avaí engrenou, demorou demais.
    Abraços

  1. Meu caro Rodrigo. De três anos pra cá a coisa engrenou foi exatamente porque nos anos anteriores, desde 2002, essa administração pegou uma casa falida e começou a contruir uma nova. Evidentemente que muita coisa deu errada, mas foi com determinação, com paciência, com dificuldades e resiliência que chegamos aonde chegamos.
    Havia outro jeito, o de obter uma "ajudinha" dos bastidores, mas nossa passagem no futebol brasileiro seria efêmera, tal a alguns fracassados que bem conhecemos.

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