O frio na Ressacada

domingo, 30 de maio de 2010

Todo mundo que freqüenta o bairro dos Carianos e o estádio da Ressacada sabe que aquela região tem uma temperatura mais amena que o habitual. É natural, o bioma de mangue que delimita a região possibilita isso, um resfriamento proveniente das brisas marinhas. Ocorre que desde que o Avaí se mudou para lá, nos idos de 1983, a região ganhou um aquecedor diferenciado, a torcida fiel e fanática do Leão da Ilha.

As campanhas do Avaí, nesses anos naquela região, alternaram-se entre ótimas partidas e sofríveis acontecimentos. Já assisti a jogos onde duas lotações de ônibus se faziam presentes, mas em outras só não havia gente pendurada nas coberturas porque o acesso é quase impossível.

É verdade que nadamos alguns bons anos em uma maré terrível, de muito sofrimento, ladeando as fronteiras da iniqüidade futebolística, amargando resultados ruins em campanhas desastrosas. Naqueles momentos, pouca gente com mais de dois neurônios acompanharia tal situação. Mas, sempre o torcedor avaiano estava lá. Acho que nem temos muitos neurônios assim, por certo!

Já enfrentamos engarrafmentos incabáveis, chuvas torrenciais, ventos siberianos, times terríveis (alguém deve lembrar do Zaltron e do Joelson!), contudo o nosso coração de leão nunca esfriou, nunca nos abalamos.

A Ressacada sempre se caracterizou por ser ocupada por gente caliente, nervosa, ensandecida, que leva o time em campo a todo momento. Assistir a um jogo na Ressacada é garantia de um espetáculo à parte, que é a motivação que essa torcida dá. Por isso, somos tratados pelos visitantes como um coração pulsante, uma bombonera em seu melhor estilo. Já se calou muita torcida boa que nos visitou.

Todavia, a Ressacada tem se mostrado quieta, apática, desmotivada em alguns jogos neste ano. Abriram uma porta de geladeira e esqueceram de fechar. O que estaria acontecendo?

Tivemos uma campanha no Delfinzão, das melhores nos últimos tempos, e sem fazer muito esforço. Aliás, ganhamos com um pé nas costas, para ser mais exato, sem jogar um futebol supremo e inesquecível. Estamos bem pontuados no começo deste brasileirão, ainda que jogando um futebol sugar free, extremamente light. Temos instalações na Ressacada de fazer inveja a muito time bom no Brasil afora, com direito a elogios ao vivo e a cores por parte da Rede Globo. Mas, a outrora torcida pulsante e acalorada está quieta. Muda. Com espasmos ocasionais de vibração associados aos apupos corneteiros.

Seria medo de cair? Falta de confiança no time?

Bom, as notícias que me chegam de dentro da Ressacada dão conta que o Avaí tem plena confiança em fazer uma campanha tanto ou melhor que a do ano passado, caracterizando-a como a melhor de um time catarinense no campeonato nacional, embora o nosso mar quetingui não trabalhe a favor disso.

Poderia ser isso, então, as iniciativas de marketing do mar quetingui do Avaí, a razão dessa apatia coletiva? Bom, eu não tenho a resposta, até porque não tenho números. Mas, de uma coisa eu sei: aquilo que é não pode ser mudado só porque alguém quer, a não ser que deixem mudar.

4 comentários:

  1. Eve disse...:

    Digamos que grande parte da nossa torcida é muito chata. Ô gente insatisfeita, impaciente, reclamam desde o primeiro minuto de jogo. Não permitem um deslize sequer, como se todos fossem robôs e não tivessem o direito de estar num mau dia. Como que um torcedor sai de casa, enfrenta fila, frio, vento, para ver o seu time jogar e não é capaz de incentivar um instante, sempre em silêncio ou quando abre a boca é para reclamar? Volto rouca todo jogo, vou lá para apoiar, quero ver meu time vencer, mas sei das limitações e sei que não vamos ganhar sempre, pois do contrário, seríamos campeões do mundo. Acho que os blogs tem um poder maior do que imaginam e poderiam encabeçar uma ampla campanha de apoio ao time, pois senão tudo fica mais complicado.

  1. Eve, estou postando exatamente algo nesse sentido para amanhã. Aguarde. Antes eu dava toquinhos, fazia insinuações, agora vou pegar pesado.

  1. na minha visão, uma resposta clara, curta, grossa e até "simplista" é a explicação pra tudo isto, esta apatia, esse freezer 58 da GE:
    muitas das pessoas que hj frequentam a ressacada não são as mesmas que a frequentavam nos idos tempos das vacas magras e dos ingressos acessíveis aos mortais.
    a massa de manobra, o ilúcido torcedor, o cego apaixonado, o herói das arquibancadas, vem sendo figura rara nas cadeiras do aderbal. esses vêm se esvaindo na mesma proporçao em que, hj, a exigência por um bom futebol se sobrepõe, via de regra, aos resultados.

    artur ferreira

    em tempo, rudnei é brincadeira né..
    não tem uma bola que ele consiga matar e ela não escape menos que 2 metros do pé dele. sem falar q não marca ninguém, só faz número.

    patrick, meodeos do céu..
    isso é um jogador de futebol. acho que ele só treina físico desde o infantil. fundamentos do futebol ele não teve nas categorias de base.

    de resto, se removidos as metastases, o avaí se encaminha para um bom campeonato.

    obs.: acompanho o leao desde 93, ininterruptamente, desde a queda pra 2a.
    e a ressacada, hj, realmente parece mais o cemiterio do itacorubi, infelizmente, meu caro.

  1. A minha esperança é que os chatos e mal amados se afastem.

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