A morte do grande Saramago abre um vácuo na Literatura. Ficamos, todos os que gostamos da arte da leitura, órfãos. Afinal, sua palavra era estupenda e espetacular, descrevendo de maneira ácida e incisiva a condução da mente das pessoas por gente interesseira, ambiciosa e com objetivos de poder. Em seus textos, Saramago dava-nos a oportunidade de compreender o essencial por detrás da obscuridade. Como Platão, em seu Mito da Caverna, com a diferença que Saramago possibilitava, além disso, uma crítica construidora.
Bem guardadas as proporções, e trazendo o mundo das Artes e da Filosofia para o nosso cotidiano, o que estão fazendo os blogueiros avaianos, em suas críticas na condução dos caminhos que nossa maior paixão, o Avaí, está tomando, nos revela a importância que se dá a isso, ao seu destino, e a preocupação com o futuro.
Ora, os blogueiros têm uma motivação, que é perceber o que está se passando, e uma reação, emitir uma opinião. Porém, essa conduta traz uma história de vida envolvendo-se com as coisas do Leão da Ilha desde tempos imemoriais. E a experiência nos permite a predição, a antevisão do que poderá vir a ocorrer, se os devidos cuidados não tiverem sido tomados.
É bem verdade que em algumas situações, o senso comum prevalece. A percepção desvinculada de conhecimento e a emissão de uma opinião acalorada e sem fundamento geram distorções, que se dissolvem num caldo inócuo e sem gosto.
As últimas 48 horas, contudo, foram marcadas por uma forte rejeição da torcida e dos blogueiros quanto à medida descabida, acintosa e insensata nessa quebra de contrato, que será a cobrança de ingressos para os sócios que forem assistir aos jogos do torneio caça-níquel da RBS em nosso estádio. Os blogueiros se insurgiram, pois tem em poder a voz escrita, porém repetem o descontentamento que vai crescendo e se multiplicando em meio à toda torcida do time das listras verticais azuis e brancas. Os blogueiros, diferente do que possa imaginar um incauto doutor em marketing, não querem o MAL do Avaí. Muito pelo contrário, a paixão pelo Avaí é que está falando mais alto, mas muitas vezes com pitadas de boa razão.
E não é outro o intuito a não ser desvelar uma cegueira que, parece, está tomando conta da direção avaiana. Um dos sentidos vitais à percepção do mundo parece estar faltando a alguém e esse alguém há que ler Saramago. Nem que seja o prefácio.
Lamento informar: no Avai, não encontrarás ninguém que consiga ler o prefácio das obras de Saramago...
Estão preocupados com bajulações e em quanto vai entrar em seus bolsos...
Abraços!
André Tarnowsky Filho