Evidentemente que o assunto é a Copa do Mundo.
Não dá pra ficar cavoucando assuntos na Ressacada, expondo opiniões duvidosas a respeito desse ou daquele jogador, continuar a falar mal das mensalidades, da diretoria, do mar quetingui, só pra dizer que se é avaiano e se tem algo pra dizer. A gente é avaiano com ou sem isso.
Quero falar, então, é da seleção. Do time do Dunga. Desse tosco, até agora, campeonato mundial. E daqui pra frente vou me ater apenas a isso, a não ser que surja um novidade interessante no nosso Leão da Ilha, pois até agora são apenas especulações e chutes na trave.
O time do Dunga é isso aí. Que ninguém se iluda. Jogamos um jogo-treino contra onze cones vindos da Coreia do Norte, que às vezes se mexiam. Então, resta saber, o que será o Hexa campeonato, tentado pelo Brasil, sob o comando de Dunga?
Todo mundo que acompanha o futebol há algum tempo sabe o que significa Dunga para o futebol brasileiro. Dunga é o cara do jogo sério, duro, ríspido, sem firulas, sem molecagem, sem brasileiridade. Pois é assim, com a tal molecagem e brasileiridade, que o futebol brasileiro é visto pelos quatro cantos do mundo, o “beautiful game”, o jogo bonito, o jogo do malabarismo, da jogada perfeita, de classe, do toque com categoria, do drible a mais, do imponderável, do salão de festas num espaço de um metro quadrado. Se tiver que fazer um gol de bico, o brasileiro não faz, prefere recuar e dar para que o companheiro de melhor ginga faça de letra. É assim o futebol brasileiro. É assim que um time de futebol joga quando quer dar espetáculo em qualquer lugar do Universo, jogar à brasileira.
E foi sempre assim, até que nas décadas de 1980-1990 apareceu um sujeito de estatura mediana, bom vigor físico, feições angulosas, olhar gelado e expressão de poucos amigos a decretar, como um 1º. volante, que este tipo de futebol é bonito pras afro-descendentes deles. Pra nossas, não! Depois, diga-se, do fracasso da última seleção brasileira que jogava à brasileira, a de 1982 com resquícios em 1986, a maneira de jogar do Dunga começou a dar a sua cara. De lá para cá o futebol brasileiro vem mudando. Saímos da era do futebol arte, do futebol de arena, de espetáculo, para o futebol-brucutu: duro, vigoroso, veloz e feio.
Foi o estilo Dunga de jogar que começou a vingar no Brasil. Aliás, estilo que foi saudado pelos europeus depois que fracassamos naquelas duas Copas tentando jogar bonitinho. Eles reclamavam de nossa malandragem e nos diziam que “agora, sim, agora vocês sabem marcar”.
Qualquer time de futebol hoje em dia, que queira ser campeão tem que jogar assim, DEVE jogar assim, como se tivéssemos onze Dungas em campo, todos babando, raivosos, infelizes, sem alegria, mas compenetrados no futebol de resultados.
Pois, a despeito de se deixar de lado a graça e a beleza do espetáculo, isto tem dado resultados mesmo. Após essa mudança na escola de futebol para um lado mais, digamos, maduro de jogar, já fomos duas vezes campeões, em 1994 e em 2002, com seleções jogando ao estilo Dunga de ser, e nossos times de futebol tem sido campeões mundiais no Japão e em Dubai com um estilo de jogo parecido com isso, com muita marcação e vigor físico.
Aprendemos a jogar como italianos e alemães, por sinal, antepassados do Dunga, e vamos para mais uma Copa assim, desse jeito, e com pinta de campeões. E não é que os europeus estão reclamando de novo? Dizem que esquecemos o futebol-arte, o futebol moleque e estamos crescidos e adultos, que desgraça!
E vamos ser campeões de novo, eu tenho certeza, mas sem sorrisos.
Pois é, graças ao Dunga.
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários aqui postados sofrerão moderação. Anônimos serão deletados, sem dó, nem piedade.
Não serão aceitos comentários grosseiros com palavrões, xingamentos, denúncias, acusações inverídicas ou sem comprovação e bate-bocas.
Não pese a mão. A crítica deve ser educada e polida.