Preços populares?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Enquanto a bola rola lá nas terras de Mandela, por aqui no quintal tenho acompanhado a solicitação, ou melhor, a exigência de alguns torcedores por preços mais populares na Ressacada, uma vez que os ingressos cobrados fazem mal a hipertensos. Aliás, as próprias mensalidades para sócios torcedores são uma salmoura completa.

Claro que sim, os preços são exorbitantes, qualquer pessoa mais lúcida concorda com isso, são mais caros que aqueles cobrados na Europa e mesmo na Copa do Mundo. Numa cidade como Florianópolis, de classe média baixa, de funcionalismo público ou de comerciários, exigir uma bufunfa dessas é tolice. Dificilmente pagará para isso quem não estiver disposto.

E os que estão pagando sabem muito bem o quanto isso dói na algibeira.

Mas a alegação para diminuir os preços parte do princípio de que, assim, a torcida vai freqüentar o estádio com mais assiduidade. Que a preços populares algumas arquibancadas estarão sempre cheias, que com preços bem abaixo das taxas de juros privilegiaríamos os de baixa renda e, por fim, tiraríamos os assinantes de PPV de casa, cujo preço é mais em conta.

Conversa mole!

Bulhufas!

Mofas!

Todos os que acompanham o Avaí há anos sabem que a nossa torcida não freqüenta o estádio, e não é só por causa dos preços. Somos conhecidos como torcedores de pijamas por qual razão? Reclamamos dos chinelinhos do nosso DM, mas a maioria fica em casa, de pantufinhas, coçando o gigante adormecido e ouvindo o Miguelito no “raidinho”. Essa é a torcida do Avaí. Lamento informar, mas é assim a nossa realidade. Quero que um só, unzinho me prove do contrário.

Esse ufanismo tolo de que somos “ a maior do Estado” é falatório para pôr bovinos no berço. Para massagear o nosso próprio ego.

Somos quantos na Ressacada em dias de grandes jogos? Uns 5, 6, no máximo 7 mil abnegados que não largam o osso. A média tem baixado, mas não é, enfaticamente, por causa dos ingresso e, sim, por que os jogos estão sendo de qualidade sofrível. Quando aumenta o público é porque temos o rival pela frente, ou numa decisão. No mais, a freqüência é sempre a mesma. São estes que estão sempre lá, faça chuva de canivete ou sol de deserto do Saara. E estes pagam, qualquer que seja o preço. Estes vão à Ressacada de qualquer jeito.

A exigência de menores preços não é para safar um caraminguazinho do supermercado, ou da tainha da estação, mas para que alguns modinhas e espertos venham assistir ao Vasco, ao Flamengo, ao São Paulo vir jogar aqui. Escuto isso nas ruas constantemente.

“O, Alexandre, fala lá pro teu presidente pra baixar os preços. Queria ver o meu Flamengo jogar e não posso”.

E aí eu pergunto:

“Sim, abobado, e pra ver o Avaí, tu não pagas?”

E o mala responde:

“Ah, mas pagar uns ‘pilinha’ pra ver Avaí não dá, né.”

Que se queira baixar os preços, eu faço coro. Que se faça jus a quem nunca abandonou o time, eu aprovo. Agora, que isso vá incentivar a termos mais torcedores avaianos na Ressacada? Hahaha, conheço a do papagaio, que é bem melhor.

Infelizmente, é essa a nossa realidade. Que ninguém se iluda. E não queira, também, iludir aos outros.

14 comentários:

  1. Gerson Santos disse...:

    Ahã, chegassi onde eu queria. E o que o clube poderia fazer para recompensar os "5, 6, no máximo 7 mil abnegados que não largam o osso"? O último ato de reconhecimento pelos serviços heroicamente prestados foi um talagaço de 50% de aumento pr'aqueles do concreto que tomam chuva no cucuruto. Te desafio a não fugir da pergunta com aquele seu tradicional vernáculo circular.

  1. Primeiro, é preciso reconhecer que tem gente que quer ir à Ressacada e não quer ver o Avaí. Simplesmente quer ver um jogo de série A. Tudo bem, ótimo, mas tem que pagar por isso. É o torcedor ocasional? Bom, então 100 continho tá de bom tamanho. Se não quiser, o PPV está aí pra isso mesmo. Todo mundo sabe que no campo é uma coisa e na TV é outra e isso tem um preço. Não sou contra esse preço à base de sódio para estes casos, não.

    Em relação às acomodações da Ressacada, elas vão melhorando, na medida em que os investimentos forem resolvendo isso.

    Agora, o Avaí tem que explorar a fidelização do seu torcedor, os cabras que sempre estavam lá, os verdadeiros 5, 6, 7 mil que vão sempre? Campanha de sócios honesta, para torcedores mesmo, não uma subvenção pra comprar camisa, ou receber a revista em casa. Com diferenças para familiares que passarão a acompanhar o seqüelado que pega chuva sozinho; participação, como sócio, de decisões internas, ter um canal informativo mais incisivo, mais interativo com o torcedor, fazer a Ressacada ser a 2a. casa do sócio-torcedor, tornar o cara importante com promoções, eventos, ou seja, o Avaí fazer o sujeito se sentir importante por estar ajudando o clube a conquistar mais espaços.

    Pagar, todo mundo vai ter que pagar por alguma coisa na vida, mas um torcedor tem que sentir que está pagando para ajudar ao clube, não sendo um simples comprador de carne no açougue. Eu detesto essa relação de comércio, não se compra uma paixão.

  1. Gerson Santos disse...:

    Clap, clap, clap. Cada vez mais me convenço que para atrair e manter o bom torcedor não é necessário nenhuma pós-graduação em marketing. Gostando e respeitando as PESSOAS até um biólogo (ou ornitólogo, que é mais ou menos a mesma coisa) poderia mandar bem nessa área.

  1. Só precisa ficar claro que eu não faço babação pra torcedor, pra jogador e nem pra diretor. FAço reverências a quem merece, apenas isso.
    O meu foco é o Avaí como um todo, cada qual fazendo a sua parte. Jogador que quer aparecer não conte comigo. Diretor que põe a vaidade acima dos interesses da coletividade avaiana vai tomar carrinho por trás. E torcedor que quer ser mais realista do que o rei eu dou voadeira. O que importa é o Avaí, cada um no seu quadrado.
    Ah, ornitólogo é o sujeito que mexe com passarinho. Prefiro aracnologista, que mexe com aranhas. hehe

  1. Unknown disse...:
    Este comentário foi removido pelo autor.
  1. Unknown disse...:
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  1. Seu Cunha, sei de fonte segura que a inadimplência é pequena e não chega a incomodar. Quem me disse - e eu não posso revelar - domina as planilhas.
    A diretoria deu um tiro no pé quando não preservou o torcedor e tratou a condição de uma paixão como um negócio.
    Poderia até aumentar os ingressos e as mensalidades, mas fizesse isso conquistando e não comprando o torcedor.
    Ah, e ninguém deve ir assistir à Copa SC mesmo. Aquilo, sim, que é uma piada de mal gosto, uma aberração promovida pelo Dotô. O Avaí foi obrigado a participar, se quer saber. É uma questão de contrato para valorizar o torneio.

  1. Rodrigo V. R. disse...:

    Discordo em sermos conhecidos como pijamas, nunca ouvi essa fama a não ser do rival o que considero normal. Mais que o preço vejo reclamarem das filas.
    Abraços

  1. Rodrigo, essa fama surgiu dentro de nossa própria torcida. Depois foi agregada por eles, óbvio. hehe
    Não dá pra negar isso.

  1. Unknown disse...:
    Este comentário foi removido pelo autor.
  1. Mas Se Cunha, a questão é exatamente essa, comparar uma paixão com um negócio, ou com uma obtenção de vantagem. Eu gosto de rock, sou fã de Led Zepellin e se um dia vierem tocar no Brasil, eu faço qualquer coisa pra ir, pago o que puder, dou um jeito, me endivido, mas vou. É assim que eu vejo como deve ser a coisa.

    Quanto à tal inadimplência, não deves ter lido o que comentei acima: ela é baixa, muito mais baixa do que se imagina.

  1. Unknown disse...:
    Este comentário foi removido pelo autor.
  1. Gerson Santos disse...:

    O problema não é se a inadimplência é alta ou baixa, isso é o de menos. Li uma pesquisa de uma dessas mega consultorias esportivas dando conta que a verba de bilheterias (ingressos e mensalidades) costuma colaborar com menos de 17% do faturamento de um clube de futebol. No Avaí essa participação de capital não deve ser muito diferente.

    O problema é que não estamos criando NOVOS NEGÓCIOS, não estamos capilarizando novas formas de sedução ao torcedor avaiano de pijama, não estamos fortalecimentos os relacionamentos já conquistados de maneira a incrementar dividendos. A área criativa do Carianos está rezando a cartilha das obviedades para obtenção de lucros e mesmo assim o faz de maneira tacanha, amadora, sem nenhuma pista de que haja um planejamento mínimo.

    Como diria aquela fã do grupo adolescente Restart, isso é uma puta "falta de sacanagem".

  1. Exatamente, Gerson. E se estamos sendo tratados como clientes, cadê a velha máxima do mercado, CATIVE O CLIENTE, SURPREENDA O CLIENTE. Nem isso.
    Eu ouvi umas tantas palestras daqueles chatos do Marins e do Max Gehringer. Era o que eles mais falavam.
    Se temos toda essa engronha na Ressacada, com aquela conversa de que "com o Avaí é tudo mais difícil", que jogamos contra RBS, Federação, juizada mal intencionada e, ainda assim, teimamos em conquistar títulos de vez em quando, e ainda temos uma torcida chata de tão anática, meus caros, isso é um prato cheio pra transformar a Ressacada no estádio mais lotado do planeta.
    É só um pouquinho de humildade, neguinho sair da sala refrigerada, e ouvir o torcedor. Não ouvir com azorelha, mas com o coração.
    As velhas frases do Pequeno Príncipe, tão bobinhas e tão verdadeiras: " tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", ou então, "o essencial é invisível para os olhos". Somos todos cativados pelo Avaí e o Avaí não dá bola pra gente. O, raça.

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