Sem medo do tempo

Nasci em 23 de junho de 1961. Logo, hoje é meu aniversário. São 49 anos, perto de meio século. É chão, meus caros.

Se estivesse na Copa do Mundo, seria um dos treinadores, óbvio, pois pra linha teria que estar na mais absoluta forma física e, ainda assim, perderia no tamanho. Virei veterano, com toda a fama. Ou sem ela. Meus campeonatos, agora, são bem jogados no video game, onde, aí, sim, corro deveras.

Estou na fase entre o lobo e o condor. Deixei de comer carniça, mas sinto um negocinho aqui nas costas, bem no meio. Que dor, camarada!

No ano em que nasci, Janio Quadros tomou posse como presidente para 8 meses depois renunciar, como um belo covarde bufão. Essa decisão mudou a vida política do Brasil e 3 anos depois foi estabelecida a mais dura e nefasta ditadura militar nesse mundo verde-amarelo, contra a qual eu lutei e tenho boas histórias pra contar. Nesse ano, também, foi construido o Muro de Berlim, obra abominável e indecente feita pela mão humana.

Para minha alegria, Eddie Murphy e Obama nasceram no mesmo ano que eu, duas figuras que eu admiro nos americanos do Norte.

Na década em que nasci, os movimentos culturais, principalmente na Europa e nos EUA foram intensificados. Surgiu a contracultura, os movimentos estudantis ganhavam uma conotação mais anárquica e expandiu-se o Rock como manifestação Pop. Foi a década dos Beatles e dos Rolling Stones. Também nestes tempos os movimentos populares, como o feminismo e o movimento negro, vieram para mostrar ao mundo que as mentes e os corações estavam mudando. Ainda nessa época explodiu a Guerra do Vietnan, outra abominação humana.

Me tornei avaiano azul (esse negócio de ser roxo é pra outras coisas que ficam penduradas) nos dias de minha infância e sigo com essa paixão sem nenhuma pitada de arrependimento.

No final da década de meu nascimento o homem pisou na Lua, mudando a forma de nos relacionarmos com o Universo.

Vivi os meus 49 anos aprendendo e buscando cada vez mais o conhecimento e chego, neste momento, à singela conclusão de que ainda falta muito mais. Porém, sou insistente e continuo.

Casei com uma mulher sensacional e tenho dois filhos maravilhosos. Não são o sonho que quis ter, mas a realidade que construo a cada dia com felicidade.

Como dizia Mario Quintana, "quando se vê, já são seis horas; quando se vê, já é sexta-feira; quando se vê, já é fim do ano; já - quase - se passaram 50 anos; agora já é tarde demais para ser reprovado; por isso, não deixe de fazer algo por falta de tempo, pois a única falta que terá será desse tempo que, infelizmente, nunca voltará mais."