Ouvindo o noticiário, é de estarrecer a situação a que chegou o nosso rival rebaixado. Não que eu tenha pena, ou esteja torcendo para que tudo se resolva na paz. Não, nada disso. Quero mesmo que pastem um bom tempo pela arrogância e prepotência adquiridas durante estes últimos anos.
Mas, ainda assim, nunca imaginaria que o diabo para o qual venderam a alma viesse lhes cobrar com tanta determinação e pressa.
Até o final da década de 1990, tanto eles quanto o Avaí eram clubes endividados, disputando campeonatos locais aos sabores das lestadas e ventos sul açorianos, sem muitas pretensões nos campeonatos nacionais. Naquela época, ganhar o catarinense, mesmo que fosse um turno sequer, já estava de bom tamanho.
Mas bastou o Avaí vencer o Campenato Brasileiro da série C, que a inveja tomou conta dos lados de lá. Antes em vias de fechar as portas, conchavaram com figuras ilustres, debitram suas contas de açougue e padaria, e começaram uma era de conquistas e glórias. Ocorre que, nesse caminho, a soberba e o orgulho nefasto e malfasejo subiu-lhes à cabeça, tonando-os arrogantes e prepotentes. E ao invés de conquistarem suas demandas no campo, priorizaram os "bastidores", tornando duvidosos os títulos que começaram a cair-lhes no colo.
Porém, como o castelo era de areia, ruiu à primeira ressaca, o Mefistófeles sumiu com o dinheiro e Fausto ficou a ver canarinhos e pardais irem embora das mãos. O que sobrou foi um tapete mal cheiroso, fedido, que muitos dos que sobraram se negam a levantar, com medo do que tenha por baixo.
Entretanto, a podridão é tamanha, o esgoto é tão putrefato, que mesmo escondendo aquilo tudo, a coisa teima em aparecer e agora mais uma leva está indo embora do antro que se formou pelos lados da Rua Humaitá. Ninguém se entende e o filme de terror está sendo rodado em 3D com efeitos assombrosos e super especiais. Vozes e murmúrios ecoam a todo instante, revelando um quadro assustador.
Por isso, eu freqüentemente invoco a torcida avaiana que tenha calma e paciência com as nossas coisas, pois a nossa estrutura está sendo construida com cuidado, medindo-se cada etapa, planejando e modelando de acordo com o que de melhor se pode construir nessa área. Se não está bom ainda é porque há muito o que se fazer. E a nossa alma não foi vendida para o diabo, como aquilo que houve por lá. Na Ressacada existem mangas arregaçadas para trabalho, muito trabalho.
Acima de tudo, temos dignidade.
Vozes da escuridão
Postado por
Alexandre Carlos Aguiar
às
07:30
terça-feira, 1 de junho de 2010
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