A Hora do Maracujá

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Na cidade em que estupro é aplaudido com silêncio, time de futebol de porte médio, quando empata com time grande vira motivo de beicinhos e caras feias, ou seja, inverteram-se as ordens. Pois é assim que se comporta o novo torcedor do Avaí de uns tempos para cá. Não quer o resultado normal, não tem paciência, não se contenta com pouco. O avaiano que tem ido ao estádio tornou-se arrogante, assoberbado. Mas isso tem uma razão de ser.

Até há bem pouco tempo, antes de uns dez anos para cá, o futebol em Santa Catarina era apenas celeiro de jogadores. Criávamos e os mandávamos para fora. Os grandes clubes do futebol brasileiro, e até mundial, sempre vinham aqui olhar e levar alguns de nossos atletas. De ilustres desconhecidos a jovens promessas. E o futebol jogado em SC era de sofrível a ruim, com o que restava.

Num belo dia, organizando um pouquinho mais o seu Departamento de Futebol, mesmo às custas de muitas dívidas, importando jogadores e pagando um salário “melhorzinho para outros, o Avaí fez uma bela campanha na série C do campeonato brasileiro e se tornou campeão. Pronto, foi o suficiente para crescerem os olhos de todo mundo. “Se o Avaí faz, eu também posso fazer.” E foi aí que surgiram para o cenário do futebol do Brasil, o Criciúma e o pessoal do lado de lá. É claro que o 2º. conseguiu chegar à série A graças a coisas de fazer corar Hitchcock. Mas foi e se portou como se nada soubesse, não era com eles, diziam.

Daí para frente, aprimoramento de estruturas e planejamento foram os discursos adotados pelos dirigentes catarinenses fazendo, assim, o futebol do Estado aparecer mais vezes no cenário nacional.

Porém, o pessoal da Capital do carvão e os coloridos dos lados de lá das pontes, a duras penas foram se mantendo, caindo pelas tabelas e apresentando times ruins e futebol sofrível, não tendo outro resultado senão o seu rebaixamento. O que começa errado sempre termina errado, já dizia Dinorá Murphy, a mãe do cara.

O Avaí, por sua vez, que durante esse período foi montando uma estrutura sólida na Ressacada, tomou esse lugar e impôs uma outra história no campeonato brasileiro para os catarinenses. Em seu segundo ano de participação efetiva já faz uma boa campanha, ainda que o orçamento disponível para o time seja um dos mais baixos do campeonato, cujo financiamento nós sabemos na pele como está sendo feito e como está esvaziando a Ressacada. Mas isso já é história batida.

É certo que a campanha empolgante do ano passado e o prenúncio de mais outra neste ano, as vitórias decisivas e históricas, contaminaram boa parte da torcida, para o bem e para o mal, sendo, provavelmente aqueles que não acompanharam as campanhas da série C e B, os que demonstram mais falta de paciência e desconhecimento do que é o futebol. O que mais se percebe estar ocorrendo no estádio atualmente é uma invasão de gente diferente, que não tem amor pelo clube, mas, apenas, somente, pela comparação entre o clube e uma mercearia. “Tô pagano, quero espetáculo.”

Todavia, é preciso entender que o Avaí disputa um campeonato e não um título. Que pensar grande não é atropelar a todos, mas manter-se na competição. O apologismo ao fracasso está sendo proporcionado por estrangeiros que não conhecem o nosso clube e a nossa história. O torcedor, não. Este deve estar ao lado do time. Assim, os jogadores precisam de mais apoio e menos caras feias, mesmo que o incauto pague uma fortuna para pôr o bumbum perfumado numa cadeirinha nova.

Para estes “novos ricos” que vão começando a freqüentar a Ressacada eu ofereço: “Vai um maracujazinho aí?”

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