O que é que há com o futebol em SC?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Santa Catarina possui um histórico de pouca tradição no cenário do futebol brasileiro. E os resultados são de sofríveis a desesperadores, de campeonato a campeonato, entra ano, sai ano. No último fim de semana, por exemplo, os representantes catarinenses, nas diversas séries promovidas pela CBF, deram o seu tradicional vexame. Salvo o time das Letras na série abaixo do Avaí, mas que ainda assim depende de várias rodadas para se consolidar na competição. E a situação do Avaí é apenas mais um ingrediente nesta sopa amarga e intragável: a falta de bom futebol por aqui.

Desde que o futebol foi trazido para o Brasil, há mais de cem anos, o nosso Estado pouco (ou quase nulo) destaque teve neste esporte em nível nacional. Podemos apontar casos isolados, acontecimentos históricos, verdadeiras epopéias pontuais, mas nunca uma continuidade de eventos. Lembramos mais das exceções do que das rotinas. E, a propósito, a rotina do futebol em SC é de fracasso. Pleno e absoluto.

Claro que todos lembram de um Metropol, disputando com primor antigos torneios de caráter nacional, do Criciúma pela Copa do Brasil, do time das Letras que foi vice neste mesmo torneio, do nosso Avaí em 2008 e 2009.

Contudo, ainda assim, são destaques ocasionais, pretensos heróis esforçados, efêmeros vitoriosos, que sequer geraram desconforto ou preocupação nos chamados clubes tradicionais, ou que tenha mudado algum paradigma no comportamento do futebol brasileiro.

E qual a razão disso?

É financeiro? Bom, o nosso Estado é o quinto em arrecadação na economia do país. Ou seja, há dinheiro, há potencial de investimentos.

Falta torcedor? Sabe-se que o nosso povo é pacífico, conservador e ordeiro, salvo algumas exceções ocasionais, além de ter uma escolaridade razoável. Dessa forma, tem consciência crítica para entender de futebol.

Estrutura e Logística? Temos rodovias e acessos satisfatórios, rede de telefonia e mídia de ponta, equipamentos que contribuem para agregar valores e profissionalizar comunicações e transportes.

Por outro lado, as maiores cidades do Estado não possuem 500 mil habitantes e a população flutuante nas diversas temporadas turísticas aumenta numa razão de trinta a cinqüenta por cento. Isso não forma a tão propalada fidelidade futebolística e rivalidades locais, coisa que se percebe nos quintais menores. O retorno para os clubes, então, é irrisório. Tanto na paixão ao clube, quanto no aspecto financeiro.

Então, onde estão problema?

Claro que identificar a razão de nosso fracasso neste esporte demandaria um estudo mais bem aprofundado, mas eu imputo uma responsabilidade principal à Federação Catarinense de Futebol. Há muito que aquela entidade precisa de uma oxigenada fundamental e decisiva. É dali que deveriam partir as principais necessidades no intuito de alavancar o futebol em nosso Estado.

Mas, enquanto o oxigênio não vem, parece que vamos continuar torcendo para times de outros Estados. Ou viver rezando para que os nossos times e clubes interrompam as campanhas pífias nos campeonatos promovidos pela CBF. E que não dependam mais de mecenas ocasionais para anabolizar um ou outro clube em temporadas diversas.

A fase do Avaí, que repete a de todos os outros clubes catarinenses, é apenas a mesma história contada com novos personagens. Reflete amadorismo, incompetência, arrogância, soberba, vaidades e falta de planejamento. Tudo junto e misturado.

Ou se muda o comando do futebol no Estado, dessas figurinhas manjadas, ou por aqui continuaremos a ser bons de volei, futsal, basquete e ciclismo. Regados a muito chope, pinhão e praias. Nada contra, isso é muito bom. Mas de futebol, necas!

12 comentários:

  1. Antônio Conselheiro disse...:

    Pensei que a culpa fosse da RBS.
    Nosso futebol só está assim por culpa de dirigentes tipo Zunino e Prisco.
    De todas as desculpas essa foi a pior, colocar a culpa na Federação, e olha que eu não morro de amores por essa porcaria de Federeca.

  1. Enquanto o Avaí estava passando por aquela fase de secura, o presidente da FCF estava na Europa, acompanhando uma turma de peladeiros do lado de lá as pontes...
    Houve alguma pressão da FCF sobre as arbibragens terríveis que o Avaí enfrentou, mesmo dentro da Ressacada?
    Texto pertinente.
    Porém, quando o presidente da Associação de Clubes de SC, que tão bem conheces, assina um contrato de televisionamento com a RBS, com uma cota abaixo do que recebe o glorioso Avenida, vamos reclamar com quem?
    Saudações AvAiAnAs!
    André Tarnowsky Filho

  1. FRPereira disse...:

    Alexandre, nosso problema é a divisão de forças entre as regiões do estado. No RS todo estado é dividido entre Gremio e Inter. Alias, eles ainda pegam uma boa fatia de nosso estado e do Parana. Mas o futebol do interior do RS é lastimavel. Eles não tem nenhum time na serie B e na serie C são umas tranqueiras. Serie melhor ter dois bons ou 2 mais ou menos e 8 não brigando por nada? Lá no Parana é quase o mesmo filme que em SC. A diferença fica na região metropolitana de Curitiba, pois é bem maior que a nossa Grande Fpolis. No PR assim como em SC o povo torce contra os clubes da Capital. A midia Cataucha e Paraucha destila toda a rivalidade contra Curitiba e Fpolis, em suas cidades do interior para manter a chama do migrante voltada a dupla grenal. Com maior mercado!! A dupla grenal cresceu e hoje briga com os grandes do eixo RJ SP!!

  1. Meu caro Antonio Conselheiro, se em Canudos tivessem te dado tempo para ler, talvez a desgraça não teria sido tanta, hehe.
    Mas eu vou ser bonzinho e te dou tempo pra ler novamente.

    Meu caro, não estou culpando diretamente a FCF por este campeonato, mas por todos os campeonatos de todos os times catarinenses ao longo das últimas décadas.
    Enquanto Paraná e Rio Grando do Sul já tiveram seus campeões, nós ainda engatinhamos. E não somos tão diferentes assim deles, não.

    Isso é uma análise conjuntural, histórica. Se tivèssesmo uma Federação forte e atuante, há muito já teríamos tido um campeão brasileiro por aqui, face às coisas que elenquei acima. Correto?

  1. Então, André, reforça o que eu disse. A FCF não acompanha os seus times. Bom, claro, ele deverá estar no Orlandês esta noite.

  1. FRPereira, perfeita a tua percepção.
    Digo mais: os times do RS se espelham nas estruturas da dupla Gre-Nal e sofrem com crises de identidade.
    No Paraná a relação de forças é mais equilibrada, mas a Capital ainda domina.
    O problema daqui é mais sério, pois durante muitos anos houve o agravante geográfico, que impedia que as pessoas do Oeste e do Planalto estivessem com mais frequência na Capital, e vice-e-versa.

  1. Ney disse...:

    Me enchi!

    Essa foi a melhor postagem tua, mas vejo que voltasse atrás.
    Nós não aguentamos mais lermos textos intensionalmente transferindo resposnsabilidades.
    Meu amigo,o Avaí só está nessa situação por um único responsável, Drº Zunino.

    Saudações Azurras

    Ney

  1. Ney, quando me enchi, estava cheio mesmo. E ainda estou.

    E apenas voltei com algumas regras. Não quero deixar de dizer o que penso, de dar a minha opinião, mas quero respeito por elas.

    Por exemplo. Sabe o que me enche? É quando publico um texto como esse, falando não do Avaí, mas do futebol catarinense como um todo, e as pessoas parece que usam viseiras, vendo apenas a parte que lehs interessa. Não sei se você teve o cuidado de perceber, mas eu falava da incompetência de nossos clubes e times de futebol ao longo da história.

    Veja, ali, no texto, não há transferência de responsabilidades, mas uma análise do que acontece com o nosso futebol ao longo dos anos. O Zunino é apenas mais um. O Prisco era outro, o Martinelli do JEC também, e assim vai. No fundo, o grande problema é uma estrutura de Federação de futebol que não organiza e fortalece os nossos campeonatos. E nem mencionei "esta federeçaõ", mas a entidade. O balaio é imenso, apertado e com cheio de ranço.

    Viu, coloque-se no meu lugar, tente escrever um texto e, ao se deparar com alguém que não entenda, veja se não dá pra encher.

  1. Uma coisa que eu queria entender: quem são estes "nós", Ney, quando você fala "Nós não aguentamos mais lermos textos intensionalmente transferindo resposnsabilidades."?

    Quer dizer que se estabeleceu a censura? Só é possível publicar coisas que ataquem, batam e arrebentem com o Avaí? Qualquer texto, de qualquer outra natureza os "nós" não aguentam?

    Eita democracia, que falta nos faz.

  1. Ney disse...:

    Nós,Avaianos.

  1. Ah, claro, tinha esquecido, é que eu sou alvinegro, né

  1. Gilberto disse...:

    Alexandre,
    Por mais que alguns queiram teimar que não, o problema principal está sim na FCF. Nenhum poder exercido por tanto tempo por uma única pessoa pode ser bom. Assim como o futebol nacional não se profissionaliza, efetivamente, em virtude da ditadura CBF. Enquanto os bolsos de uns tão cheios pq modificar a estrutura? Mas não gosto de pensar muito nisto, pq me enojo e quase desisto de assistir partidas de futebol...
    Mas em SC a mídia tem uma parcela significativa para o descaso para com os nossos clubes. Por exemplo: Pq no domingo a nossa opção para assistir futebol na TV aberta, às 16h, não era o jogo do Avaí? Pq, muitas vezes, quando transmitem o jogo do Avaí e do outro time do outro lado da ponte, transmistem apenas para a Grande Florianópolis e não para todo o Estado?
    Além do mais, devem partir dos presidentes de clubes uma possível mudança neste quadro, afinal são eles que mantém o presidente da FCF e que assinam os contratos de TV ...
    Fico feliz pela tua volta.
    Abraços!

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