O sofrimento e a expectativa continuam na torcida avaiana. Aliás, tem sido uma constante em nossa história, que se elevou nos últimos anos.
O avaiano tem sofrido muito ultimamente. Não é por que fizemos uma boa campanha na metade final do campeonato de 2009, que podemos ser felizes e dormirmos em paz. Nada disso! Ser avaiano é sinônimo de sofrimento e angustia. Que ninguém se engane. A propósito, a velha máxima de que com o Avaí é tudo mais difícil é absolutamente verdadeira.
Apenas para lembrar os últimos anos, já em 2006 fizemos um campeonato razoável, onde chegamos às primeiras colocações. Mas a soberba nos atacou e, ao final, acabamos disputando as últimas posições.
Em 2007 foram aqueles jogos terríveis, com um time medíocre e muita luta pra não cair pra série C. Quando eu vi um jogador chamado Zaltron matar uma bola com a panturrilha, eu imaginei, naquele jogo, que o ano seria terrível. Assim como neste ano de 2010, erros estúpidos foram cometidos, para maior desespero da nação avaiana.
Há quem diga que 2008 foi um ano memorável. Peraí! Memorável pelo acesso, mas não tivemos via fácil, não. Se ninguém lembra, foram jogos encardidos, difíceis, na chuva, no vento, no frio. A maioria dos jogos foram dramáticos, ganhados no finalzinho, com o calor e a pulsação da torcida. Este que vos escreve, particularmente, teve que se afastar da Ressacada por recomendações médicas, pois a bomba de sangue estava apitando. E com muita gente foi assim.
Endeusamos alguns jogadores pela garra e disposição. Elevamos à apoteose um determinado treinador pela vontade de vencer. Houve placa para gol antológico. Tudo por que, ali, naquele ano, o bicho pegou e superamos as dificuldades com bons momentos de futebol jogado e outros com futebol brigado.
No ano de 2009, o desespero inicial foi para não cair. Até que se decidiu usar a humildade para jogar. A bolinha de alguns foi baixada e eis que, finalmente, depois de tantas vezes vivendo na zona do desconforto, os avaianos já sorriam largo, sem aquele tremor nos lábios. Foi, sinceramente, um ano para relaxar. Incrivelmente atípico para a história do Avaí. O avaiano não relaxa nunca.
Pois a consagração de nossos convênios com clínicas cardíacas veio em 2010, o ano que não começou. Ah, agora, sim. Agora estamos num ano demasiadamente avaiano. É neste tipo de caldo que o avaiano cresce. É pra sorrir de satisfação? Então não é para avaianos. As campanhas de nossos times são assim mesmo. Não há nada de anormal estarmos na situação que nos encontramos, pois é desse jeito que nos fortalecemos. Temos que assistir aos jogos paradinhos, sentadinhos, sem um esgar dos músculos motivados pela emoção? Mentira!
Um avaiano se conhece pela tensão. Avaiano bom não tem unha, já as comeu antes de chegar à Ressacada. Por isso vive comendo amendoins, pois não tem dedos mais para mastigar. Um avaiano que bebe cerveja o faz não para se refrescar, mas para fazer descer aquele troço que ficou ali, engasgado. Um nó atravessado.
Lágrimas? Isso é a marca do torcedor avaiano. De alegria, de tristeza, do gol aos 47 de virada. Do gol tomado aos 47 por não isolarmos a bola até o apito final. Tem de tudo para chorar. Tanto quanto para sorrir. A dualidade de emoções faz parte dessa nação de leões, cuja vida não é nada açucarada.
Esperem mais, muito mais problemas pela frente. O Avaí não vai cair, mas a agonia está apenas começando. Faz parte da nossa história sofrer, até o último minuto.
A agonia contínua
5 comentários:
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Nunca ví uma síntese tão bem feita do que é ser um avaiano. É isso mesmo. Sou noiva de um (que sofre tudo isso que você descreveu) e, de rebarba, sofro junto. Como torcedora do Cruzeiro e do Avaí, entendo o que é ter essa paixão louca por um time!
Muito bem escrito Carlos, parabéns e até a Ressacada!
Flávia
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Gilberto, ser avaino é sinônimo de sofrimento com uma pitadinha de orgulho, embalado na disposição.
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Flavia, a vantagem de todo esse sofrimento é que, ao final, a gente se diverte muito também.
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Que coisa mais perfeita mesmo, esse texto. Ontem mesmo estava falando sobre isso, que ontem eu já estava super nervosa com o próximo jogo, tenho medo de assistir, mas como disse a KK de Paula, os próximos jogos são para os fortes torcedores avaianos e eu me incluo nisso. Me lembro bem do jogo que não caímos pra série C (nervoso), do jogo que subimos (emoção que doía), do jogo do Catarinense 2009 (chorei durante todo o jogo, medo, emoção, nervoso) e agora..agora...afff!!!
Beijo, Nidi
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Tem que ser assim. Pois se assim não fosse não seria o Avaí!