O pior vai começar

As três últimas rodadas do Brasileirão reservam aos torcedores de todo o Brasil uma seleta dose de emoções, medos, esperanças e alegrias. Não me lembro de outro campeonato com tanto dose de adrenalina sendo liberada como neste. Os avaianos já refizeram seus exames com o cardiologista e vão se retirar a um mosteiro budista para rebobinar a máquina, antes das rodadas finais.

O fato é que, por incrível que pareça, chegamos a este estágio por pura preguiça destes rapazes que vestem o nosso manto azul e branco. Nunca antes na história deste clube tantos lutaram tão pouco dentro dos gramados, para desespero dos muitos torcedores fiéis e apaixonados.

Este time do Avaí sabe jogar bola. A declaração no pós-jogo dada pelo Joel Santana, técnico do Botafogo, de que não entende como o Avaí chegou a esse estágio, e a fala do comentarista Batista, do PFC, no jogo contra o Internacional de Porto Alegre, dizendo que o time do Avaí não poderia estar lutando pelo rebaixamento, refletem isso. A constatação de que se os jogadores quisessem, estariam fora dessa trapalhada, de passar por este perrengue, há muito tempo.

Mas, a realidade é outra. Eles não quiseram jogar. Eles abdicaram disso lá atrás, por birra e pirraça. Contusões? Todos tiveram. Foi preciso poupar alguns? Evidente, quem entende um pouquinho de futebol e possui um milésimo de bom senso, além de conhecimento básico e elementar dessa área sabe disso. Ocorre que algumas coisas extrapolaram. Foram além dos procedimentos normais. Sabe-se que aquele líquido resultado da fermentação do malte de cevada e da cana de açúcar foi maior para alguns do que o curativo Band-Aid.

Claro que ninguém, em sã consciência, imagina jogar um campeonato duro como este, sem passar por agruras e dissabores. Nenhum dos times que disputam a série A teve vida fácil. Todavia, a condução disso tudo poderia ter sido menos traumática. Agora era o momento de começar a pensar em férias e não em visitar um cardiologista.

Resta-nos, avaianos, ir ao estádio e fazer a nossa parte. Mas lembrar, sempre, o quanto fomos colocados nas mãos de irresponsáveis.