Diz a lenda que um burro, certa vez, encontrou uma pele de onça largada na floresta. Na mesma hora ele percebeu que era de uma onça muito antiga e temida pelos bichos da região, tendo sido morta pelos caçadores. Então, o burro bolou a brincadeira de vestir a pele e se esconder numa moita, pulando fora sempre que algum animal passasse.
Os primeiros a passar foram o jacu e a capivara, que se assustaram quando viram aquela onça enorme, mas saltitando estranhamente em sua direção. Fugiram apressados, com medo de serem engolidos pela fera. Mas, em certo ponto, pararam e ficaram esperando o que deveria acontecer.
Em seguida, vieram o coelho, o cervo e o gambá, que também se assustaram diante daquele animal terrível à sua frente, remoendo um galho de folhagem pendurado nos lábios. Correram rapidamente para atrás de uma grande árvore, na esperança de a onça não os perseguir até ali.
Logo depois, o sapo e o tamanduá se sentiram intimidados quando o burro na pele de onça, mais uma vez, abordou os novos incautos. Desta vez, suspeitaram ver enormes orelhas saindo por trás dos pelos da onça e acharam isso um fato estranho para aquele animal.
E assim foi durante o resto do dia, com todos os bichos da mata correndo tão logo o burro na pele da onça surgisse. Ele estava gostando tanto da brincadeira, de ver a bicharada fugir dele, que começou a se sentir a própria onça em pessoa, cruel e sanguinária, e não conseguiu segurar um belo zurro de satisfação. Foi nesse instante que a raposa, que também ia passando por ali, ao fugir com os outros, virou-se e se aproximou do burro na pele de onça.
- O, onça! – chamou a raposa. – Que tipo de rosnado é esse?
Nisso, os outros bichos foram aparecendo e se acercando do burro em pele de onça.
- Eu nunca vi onça saltitando! – declarou a capivara.
- Eu também nunca vi onça comendo folhas. – apressou-se o cervo ajudado pelo coelho.
- E muito menos orelhas tão grandes como estas para uma onça. – emendou o tamanduá.
Imediatamente, todos os bichos foram chegando cada vez mais perto do burro e apertando sua fantasia. De repente, todos gritaram:
- Pô, mas é o burro. O nobre burro.
E a raposa continuou:
- O, nobre burro, o que fazes numa pele de onça, seu desavisado?
O burro, então, vendo-se acuado e intimidado, largou um zurro alto e horrível, como se quisesse imitar uma onça, que de tão forte rasgou-lhe a boca, deixando a língua pendurada e sem mais poder falar. Vendo-se assim, neste deplorável, virou-se e correu para o funda da mata e nunca mais se ouviu falar dele.
Lição da história: Quem vive atrás da moita, com disfarces e aparências falsas, tentando intimidar os outros, se tornará medíocre e tolo, sem personalidade própria.
OPA nao sou de comentar mas tento ler seu blog: http://www.youtube.com/watch?v=osPf3XajrIY