Há muitos anos, em Róluidi, a Meca do cinema mundial, faziam-se sessões duplas nos cinemas para agradar a todos os públicos. E as projeções se dividiam em filmes tipo “A” e tipo “B”. Os do tipo A eram os grandes espetáculos cinematográficos, com orçamentos gigantescos, produzidos por grandes estúdios, atores de ponta, diretores top de linha. Normalmente eram filmes que concorriam ao Oscar.
Na sessão seguinte vinha a raspa do tacho. Eram filmes de faroeste, de gangster ou de terror, com orçamentos nanicos, atores medíocres e diretores de pátio de colégio. Serviam para o entretenimento da gurizada, para deleite de moças casadoiras, ou para homens com pouca exigência cinematográfica. Faziam até um relativo sucesso, como um BBB global de hoje em dia, porém ninguém lembrava mais do filme na semana seguinte. Muitas vezes, consumiam-se semanas e semanas com seriados toscos que apresentavam o mais do mesmo e que nunca saiam do lugar.
Assim foi o Avaí que vi jogar nesta quarta-feira, um autêntico enredo de filme B.
As pessoas que me conhecem particularmente sabem que estou muito longe de ser um pessimista. Tenho brigado com muita gente, até com amigos mais próximos, pelo meu zelo para com o Avaí. Me reconheço um chato por causa disso, mas defendo o Avaí e as pessoas que estão na sua direção com unhas e dentes. Sou da opinião que a valorização de nossas coisas é a melhor arma para se conquistar alguma coisa na vida. Porém, não dá para aceitar que tudo está bem, pois marcamos mais 3 pontos, que “estamos evoluindo” e a continuar assim vamos papar este campeonato. Não, não vamos. Não assim. Ou então eu não entendo mais de futebol.
Minha visão de biólogo diz que EVOLUÇÃO é sinal de MUDANÇAS, de TRANSFORMAÇÕES. Onde há mudanças no time do Avaí, que pressuponham esta evolução? A entrada a cada rodada de mais um jogador? O próximo é aquela grande promessa que nos redimirá dos males do futebol? "ah, mas quando estrear fulano aí, sim, aí vamos ser um super time". E quando acabarem as "estréias" e o time não vingar? Estamos alimentando uma falsa idéia, que poderá ser dramática lá na frente. E vamos precisar, mais uma vez, da velha solução, o torcedor nas arquibancadas.
Ganhar do fraco Marcilio Dias e ainda se manter na rabeira do campeonato não é para se comemorar, mas para se preocupar, e muito. Já disse isso e repito: não temos um time, mas um amontoado. Um time de futebol não se faz de grandes nomes, mas de nomes que se tornam grandes. Ajuda ter alguma qualidade, mas apenas isso não basta.
O filme está passando, as bilheterias estão abertas, a pipoca está estourando e as luzes se apagaram para mais um espetáculo. Está na hora de começarmos a pensar em concorrer a algum Oscar neste campeonato.
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