A vida das pessoas é uma constante tomada de decisões. Vivemos entre a dúvida e a certeza, dia e noite. Somos humanos exatamente por isso. Pensamos, analisamos e contemporizamos. E decidimos. Mas, antes da decisão, existem as conjecturas, que costumeiramente chamamos de condicionais. Os testes de hipóteses.
E se chover amanhã?
E se eu tivesse dinheiro?
E se houvesse tomado outro caminho?
E se o Brasil fosse colonizado pelos ingleses?
E se eu fosse...
E se nós tivéssemos...
E se...
Ao logo do dia elaboramos esta imensidão de teses, que nos conduzem. Tomamos as decisões, mesmo sem saber, baseando-nos nisso, nesse comportamento típico. Chegamos à conclusão, entretanto, de que o SE não existe. É comum interpretarmos as coisas assim, imaginando que já existe um caminho definido e traçado. Damos a entender que a discussão não tem importância, pois o tempo não pode voltar para se constituir uma nova realidade. Está envolvido com as coisas do acaso.
Presumir outras realidades, contudo, é um exercício importante para nossa condição, até para a nossa sobrevivência. São incontáveis SEs que poderiam mudar a trajetória de uma pessoa, de uma comunidade, de um país, até do mundo.
Por isso, planejamos. Para fugir da situação meramente especulativa e condicional, aleatória, elaboramos projetos, que nada mais são que postular os SEs de maneira ordenada. Vamos propondo os vários cenários, viáveis ou preocupantes, que direcionam nossa conduta para o sucesso.
Se (olha aí!) trouxermos toda esta análise para o Avaí Futebol Clube, agremiação de futebol que se quer grande, profissional e complexa verificamos que pode até ter havido um planejamento, sim, mas que foi no papel, na teoria, pois sua conduta foi deficiente e/ou mal trabalhada. Fomos dependendo dos percalços, dos obstáculos, das dúvidas e anseios para ajustar a trajetória do time.
Fomos avaianizando o campeonato, ou seja, tornando difíceis e complicadas as coisas que poderia ser mais fáceis. Vamos nos acomodando, nos submetendo.
O Avaí chegou à final do campeonato. Restam três jogos, que são independentes.
Se for campeão, será da forma avaiana de ser, contra tudo e contra todos, sendo tudo mais difícil.
Se sair derrotado já na primeira decisão no domingo, terá que rever seus projetos futuros, pois já não pode mais contar com a sorte, com o acaso.
Todavia, uma coisa é certa: só se conquistam coisas na vida com planejamento. Analisando todos os obstáculos e realidades, conjecturando, e deixando as obstinações e teimosias de lado. O SE joga, sim, desde que com inteligência. Desde que não faça parte do acaso.
Belo texto Aguiar! Assim também vejo o Avaí, mesmo com um planejamento ridículo, que nos fez perder 4 jogos no início do campeonato (pontos que hoje nos fazem muita falta...), o Leão vem rugindo mais pela raça, garra dos jogadores, e a incomparável Camisa 12, que joga junto sempre, do que por aquilo que só ficou no papel...