O estádio das fumaças uivantes

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Avaí Futebol Clube não é algo para quem comece agora, para iniciantes, para recém-formandos de um jardim de infância. Definitivamente, não. Este Avaí é um senhor de 87 anos, de muitas glórias e tradições, cujos seguidores têm brio, são forjados nos sabores das conquistas e nas durezas das derrotas. Senhores  e senhoras quase no fim da vida, tanto como crianças engatinhando, passando por jovens cheios de energia, sabem que para ser avaiano o sujeito tem que ter fibra. Tem que ter raça. Paciência e perseverança. Renitente diante das dificuldades. Não pode fugir da luta ao primeiro infortúnio. Como reza a lenda, nada é fácil para avaianos.

Por isso, causa espanto o destempero de alguns, as explosões de revolta e manifestação de raiva de outros, que deveriam dar-se como exemplo diante de adversidades. Antes de abrir o bocão e sair destilando que não conseguirá sustentar no futuro, recomendo um copinho de água bem geladinha, ou quem sabe, para quem pode e gosta, um cervejinha grudada num iceberg.

Todos nós já sabemos o que ocorreu no clássico. Não vou repetir aqui. Tudo aquilo que aconteceu foi um divisor de águas. Já estamos lambendo as feridas pútridas da indignação, da angustia e do desânimo. Estamos entre tristes e indignados. Mas não estamos indiferentes. Sabemos onde o calo aperta, assim, também, como retirar o sapato.

E nada mais emblemático do que a fumaça de domingo. Ela não foi a causadora das desgraças que nos assolam, como querem alguns, mas metaforicamente mostrou o que está sendo nosso calvário neste ano: nuvens carregadas, desvio de foco, irresponsabilidades, fogo e ranger de dentes. As pedradas, então, nem se fala. Elas representam o quanto nosso telhado, de um cristal muito frágil, já possui buracos e que podem não mais nos abrigar.

Já fiz aqui uma pausa para reflexão. Acho necessária. Não é conclamação a um pacto. Nada disso. Detesto pactos, pois são hipócritas. Pactos sugerem deixar de lado os erros e apostar apenas em acertos. A conseqüência é que não se aprende com os erros e não se garante vitórias agindo assim. Contudo, a reflexão é mais sincera, mais honesta. Ela purga os erros, na medida em que são reconhecidos. E pressupõe uma retomada do caminho, que obviamente foi desviado por meras vaidades.

Eu não faço média com ninguém, não preciso viver babando uns e outros para poder ficar “amiguinho de todo mundo” e escondendo problemas. Por isso, aponto que todos erramos. Da direção ao treinador, do time ao torcedor, todos estamos errando. Reconheçamos isso. Pois, se quisermos visualizar o horizonte das glórias e conquistas, temos que retirar esta fumaça da inconformidade, da incompetência, da maledicência e do ressentimento de nossos olhos. O Avaí é muito maior do que a gente. Não conseguiremos nos tornar, nunca, maior do que ele e toda tentativa assim gerará cada vez mais derrotas.

Portanto, que não se espere recompensas, auxílios ou apoios de quem não é avaiano para nossas mazelas. Só os avaianos podem levantar o Avaí. E é hora de arregaçar as mangas, resolver os erros e tocar pra frente. 

Basta de choro!

2 comentários:

  1. Eron disse...:

    Tudo isso, nada mais foi, do que uma grande cortina de fumaça para esconder nossas mazelas, vamos abrir o olho!
    Mais uma vez, perfeitas as suas colocações.

  1. Verdade, Eron, quanto mimimi, velho.

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