Que tipo de torcedor o Avaí quer?

domingo, 8 de maio de 2011

O que é um torcedor de futebol? O Aurélio nos auxilia a definir que é aquele que torce por uma agremiação esportiva. E torcer é nada mais, nada menos que ser adepto, simpatizante, amar incondicionalmente, querer o bem e o melhor. Ninguém torce contra a sua paixão. Ninguém exige o mal de sua preferência esportiva. O torcedor é aquele sujeito cuja razão esbarra na emoção. E é capaz de perdê-la, alucinadamente.


Com o tempo, o torcedor vai aprimorando a sua forma de se relacionar com o seu time, com as coisas de seu clube. Até que haja a formação de uma massa crítica, ou seja, aquela manifestação incisiva e pertinente à condução e aos anseios da administração de seu clube, em prol do time que irá formando na disputa de campeonatos. É assim em qualquer parte do mundo e é também no Avaí.

O torcedor do Avaí não é diferenciado em relação a outros tantos. Ele é apenas um torcedor mais exigente. É tanso em alguns momentos, tanto quanto é perspicaz em outros. Sua necessidade é cuidar do clube e do time.

O momento pelo qual passou o Avaí, anos atrás, foi crítico. Vivíamos anos encravados numa série B cruel e desanimadora. Os torcedores avaianos sabem o que passaram naqueles tempos. Sentiram na pele, no coração e na alma o quanto aquilo foi sofrido e penoso. Ao alcançar o Nirvana do futebol brasileiro, contudo, começou um outro dilema: como manter isso? Usando aquela velha máxima da Fórmula Um, chegar é uma coisa, passar é outra. Ou seja, manter-se na série A do futebol mais complicado do mundo é algo que exige esforços monumentais. Assombrosos. O Custo Avaí para isso é espantoso. E este custo é dividido com todo mundo, torcedores, jogadores e administradores, um tripé que não pode se separar, sob pena de o barco naufragar na primeira tempestade.

Em vista disso, por perceberem que nem todas as coisas dentro da Ressacada colaboram para que a proferida manutenção na série A caminhe a contento, os torcedores se manifestam. E exigem cuidados para que o passado assombroso não retorne. Algumas manifestações, por isso, são mais incisivas e profundas. Elas visam que se aplique o conceito da transparência, até para que o tripé mencionado se mantenha sólido e coeso. Para que se saiba como as coisas estão andando, e se estão andando mesmo. Mas, não é assim que pensam segmentos do clube e a censura parece estar tomando rumos nebulosos e inconseqüentes no campo dos Carianos.

É sabido que há uma iniciativa de podar manifestações de torcedores por aí. Suspeita-se que está em formação uma nova tcheka, a famosa polícia secreta soviética, que invadia a privacidade dos habitantes quanto às suas manifestações e os expurgava para as longínquas regiões da abissal Sibéria. Os resquícios das ditaduras e seu poder censor estão em quem quer definir o que se fala e o que se escreve.

Penso que a saída não é essa. Em nenhum lugar do mundo, onde a censura imperou, se obteve êxito. Ao contrário, com o passar do tempo as estruturas foram cedendo e se corroendo. A censura apodrece a liberdade. Podar palavras e atitudes é a prática dos fracos, que posam de fortes para impor seus argumentos.

Que tipo de torcedor quer o Avaí Futebol Clube? Um torcedor exigente, que testa a coesão da corda a todo instante, para garantir que ela nunca vai ceder e ele não corra o risco de cair? Ou uma vaca de presépio, que viva balançando a sua cabecinha, sem emoção e prazer de exigir mais de seu time e seu clube? No primeiro caso, há a possibilidade de se ouvir certas verdades, porém , os cuidados se aprimoram. Mas, no segundo, é melhor substituir o estádio por uma geladeira.

A melhor coisa para que os caminhos sejam trilhados com calma e parcimônia é um amadurecimento das relações, deixando posturas pueris de lado e pondo-se como adultos formados e equilibrados numa mesa de negociações. Isso se alguém quiser um futuro vitorioso.

4 comentários:

  1. Não sei se fico triste ou feliz por estas tentativas de censura partindo dos altos escalões do Avaí estarem aumentando. Fico feliz porque, quem sabe, agora vá para o ventilador.

    Isso não começou agora. Começou com faixas "Fora Delfim" sendo retiradas, silêncio da diretoria no impedimento de brincadeiras por parte da torcida em um clássico, retirada de faixa com foto de ex-presidente e formação de paredão de capangas (seguranças contratados) atrás de torcedores para proibir que eles se manifestassem contrariamente ao Silas.

    Os casos recentes não me surpreendem, mas nunca vão deixar de me indignar. De repente agora somos mais pessoas a bater de frente.

  1. Se um dia os torcedores perderem a possibilidde de se manifestar, aí estará decretada a falência moral no futebol.

  1. Anônimo disse...:

    Alexandre,

    Lendo seu texto, comecei a refletir sobre o outro lado da moeda. Como prejulgar se o que estão fazendo nos levará de volta a Série B, como saber se realmente formos de encontro ao que a "maioria" dos torcedores, principalmente os blogueiros ou leitores de blogs não afundaremos também ou até mesmo mais rápido. è uma questão complicadíssima e vejo da seguinte forma:
    O que era o Avaí a dez anos atrás? O que o Avaí é hoje? Quem comandou essa mudança?

    O grande problema é que somente se analisa as partes ruins, principalmente nas derrotas do time em campo, detonam críticas em cima de críticas até mesmo pessoais a membros da diretoria e se esquecem de ver a real evolução do Avaí, não somente quanto time, mas como instituição, e isso engloba também a estrutura.
    Quanto tempo faz que não vemos criticas a parte estrutural da Ressacada a não ser a respeito da colocação de cadeiras o que é no mínimo uma contradição pois sempre prezamos por mais conforto.
    Alguem já fez alguma reflexão sibra como era e como é o Avaí administrativamente?
    Falar mal é facil é mais cômodo do que reconhecer os méritos.
    Quando o time perde é culpa da diretoria, quando ganha é sorte, é porque temos iluminados essas coisas de avaianos apaixonados.
    O Avaí na minha visão caminha pra ser uma empresa muito bem gerida e sucedida e sinceramente eu não queria na minha empresa "acionistas" que destroem a imagem dela com criticas destrutivas, se é que existem as construtivas.
    Só para citar um exemplo, olhem o que o Coritiba está fazendo e quanto custa pra ser sócio lá, não esquecam de levar em conta que eles tem muito mais torcida que nós e o Estádio deles cabe quase, se não o dobro de pessoas do que o nosso. Certamente se fizerem com isenção perceberão que não há nada a reclamar.
    Acho que tirar a possibilidade de manifestação pé uma coisa bem diferente do que acabar com gente que por picuinha ou outra coisa somente critica e deturpa as coisas.

    Abraços

    Murilo Moreira

  1. Bom exemplo o do Coritiba, meu caro Murilo. Tu sabes o que houve por lá há dois anos? Tens noção da história toda? E por que eles conseguiram o que conseguiram neste ano? Sabias que, coincidentemente, o que eles conseguiram foi exatamente o que o Avaí tirou? Estude, analise e depois nós conversamos.
    A propósito, eu acompanhei de perto, bem de pertinho, toda a evolução do Avaí até o que ele é hoje.

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