Sempre se disse que querer é poder. As velhas fórmulas filosóficas e as recentes teorias de auto-ajuda indicam que o sujeito quanto mais quer, mais pode. É o utilitarismo do pensamento positivo. Diz-se que um único ser vivente pensando positivo é capaz de mudar o mundo, ao menos o seu mundo. E um coletivo pensando positivo, alteraria até as leis do Universo. Mas, como eu sou cético ao extremo, avesso às rezas e mandingas e com todos os pés no chão, afirmo que querer, na verdade, é sonhar. Pode ser filosofia de botequim regada a originais e brahmas, mas raramente dá errado.
Estamos nos enganando com este time que dizem ser do Avaí há muito tempo. E estamos, como torcedores, achando que “agora vai dar”, “dessa vez vai dar certo”, “quem sabe hoje vencemos”, “vamos sair dessa”, “avante, Leão”, “ força azzura (ops!)” e assim seguimos. Não, não foi e não vai. Isso significa que joguei a toalha? Não, ainda não.
É bem sabido que o futebol é um negócio milionário com 90% de paixão e 10% de conspiração. Não é uma ciência exata. No futebol vivemos com o imponderável e o sobrenatural, e a única lógica que se conhece é aquela dos números de contas bancárias de jogadores, empresários e quejandos. E, ainda assim, há desvios de receitas e sonegação de impostos. Sobra, apenas para a patuléia carente de bons resultados de seu time, o sonho e as ilusões. Um desvio de conduta racional e sonegação de realidade. O torcedor de futebol é um eterno iludido.
Por isso, torcemos. Estamos sempre imaginando dias mais azuis e ensolarados, mesmo que a previsão do tempo seja de tempestades e chuvas negras diluvianas. Todos os avaianos sabemos o quanto nos custa manter essa ilusão. E não é apenas pelo valor do aluguel das cadeiras na Ressacada, o preço das camisas e dos quitutes e quinquilharias que nos oferecem para nos rotular como autênticos avaianos. Falo do valor emocional. E da dor da frustração. Contornamos a ordem natural das coisas no intuito de nos sentirmos melhores, na medida em que nosso time frouxo e sem carisma nos engana a cada rodada.
Mas, não nos afastamos. Por quê? Porque somos torcedores.
No último jogo eu, particularmente, me senti humilhado. Um nada. Um coisinha alguma, um trocinho diante daquele espetáculo pantomímico patrocinado pelo não-time do Avaí. Me senti abaixo do calcanhar da mosca do cavalo do bandido. Tudo porque eu, assim como muitos resistentes, vamos para a Ressacada pensando positivo, imaginando uma reviravolta, supondo uma fenomenal virada, para, ao final da partida, constatar que tudo não passava de um sonho numa noite pavorosa de inverno. Decidi, naquela hora, não mais ir ao estádio.
Minha cota de paciência foi pras cucuias. Meu copo recebeu a última gota de mediocridade.
Mas, ...eu vou. Ao menos, pretendo ir.
É certo que não vou mais iludido, com esperanças de algo melhor, com o velho e surrado pensamento positivo. Nada disso. Vou assistir ao próximo jogo do Avaí com a razão acima da paixão e com a resiliência dos complacentes.
O Avaí conseguiu fazer isso, matar a nossa ilusão e aos poucos está apagando a nossa paixão.
Eu não desisto nunca! Vou até ao ultimo jogo! Não sou um iludido, nem cego as coisas erradas que acontecem em nosso clube, mas, sou torcedor e como disseste, apaixonado pelo time.
O que NÃO concordo é o que disse esse cidadão nesse blog aqui:
http://www.devirada.com.br/2011/08/nao-irei-mais-torcer-para-o-avai.html
Leia e depois tire tuas conclusões.