Avaí, o filho mal-amado

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Todos nós, pais, sabemos que os filhos nos testam.

Eles riem e nos divertem, mas também fazem birra, esperneiam, choram, gritam e se lambuzam esperando uma reprimenda paterna ou materna. Isso é demonstrado pelos pesquisadores da psicologia. Quanto mais os pais se preocupam, mais eles, os filhos, se sentem protegidos. Ora, um pai ou uma mãe que não “controlam e não cuidam” dos seus filhos são ausentes e irresponsáveis. E criam um monstrinho ditador dentro de sua casa. Dessa forma, agindo como pais presentes, não se cobra por autoritarismo, mas por autoridade.

Manda quem ama e obedece quem quer ser amado, é o lema.

Por isso, eu sempre faço uso da retórica do filho que vai mal na escola. Há o momento do esporro e o momento do agrado. Quando se vê que a bronca, no momento em que as notas não vão bem, não resolve, passa-se para a conversa ao pé de ouvido, com calma e paciência.

A mesma retórica eu uso para o Avaí. É uma coisa, um trocinho que faz parte de nossos momentos diários. Não é obrigatório viver ao lado dele, não nos retirará um órgão, não nos impedirá de viver, mas é algo que adotamos como “coisas de nossa vida”, como as pessoas que amamos, nosso lar e nossa profissão. Algo bem burguês e conservador, mas vivemos assim, que fazer?

Nas horas de tristeza, devemos tratá-lo com dureza quando merece, e com calma e paciência quando se vê que as broncas e raivinhas já não resolvem mais.

Chutá-lo como um nada, tripudiar sobre suas feridas, fazer pouco caso, arregaçar ainda mais o ventre e expor suas vísceras aos lobos e urubus não são atitudes de um torcedor quando percebe um destino tenebroso se aproximando. Embora ele nos vire a cara, vamos ajudá-lo. Aquele que é fiel, companheiro e parceiro não faz isso.

A mesma análise vale para quem está dentro do próprio clube, que tem responsabilidades para vê-lo crescer e se impor nos campeonatos. Se não for feito com cuidado e parcimônia, não merece as biografias direcionadas, a paternidade assumida.

A vaca da socialização dos custos promovida pela direção do Avaí foi pro brejo. Aliás, é importante afirmar: nunca deu leite. E talvez resida aí a principal causa do Avaí não ter acordado para os campeonatos seguidos, levando-se em conta que somos aquele gigante adormecido dito lá em 2008 pelo atual gestor do cartel de jogadores. Deu-se de ombros ao principal patrimônio do clube, a sua torcida, e, se não fosse suficiente, tudo isso foi deixado à deriva. Foi a nota baixa tirada na escola pelo guri que gazeou a aula.

Em razão disso, a torcida do Avaí que ainda vai ao estádio endureceu o tratamento com a sua paixão. Já não tolera escorregões, já não aceita calções limpos e camisas sem suor. Qualquer rabada em bola é motivo para apupos e ovos invisíveis sendo lançados.

Os blogueiros que compõem aquela massa crítica chata e perseguidora, já decretaram a nossa queda. Portanto, o cuidado por parte de uma certa área inteligente já acabou também.

Restaria ao comandante em campo, o treinador desse leão ferido, levar na ponta dos dedos o que nos resta de dignidade, músculos, sangue e suor. Porém, para mostrar autoridade optou pelo autoritarismo.

E tudo que já aconteceu com este grupo de jogadores neste ano demonstra o quanto o aluno é rebelde e mal-criado. Divisões de grupo, reclusões, contusões, acusações de mercenarismo, humilhações midiáticas e agora um puxão de orelha em público.

O que resta para eles? Para o Avaí como um todo?

- Ah, mas e o torcedor? Esse não sofre com isso tudo?

Este sofre muito mais quando vê que o clube está sendo abandonado, como um filho mal-amado.

7 comentários:

  1. LUGO disse...:

    Aguiar,
    Não somente isso. É hora de aglutinar e não de reprimir e impor situações.
    Em todo grupo não há um único lider. Há lideranças paralelas e estas tem que ser trabalhadas, acariciadas, para que confluam para um objetivo comum.
    É hora de sentar em torno da mesa e de pedir a ajuda de todos, fazer estratégias em grupo, saber o que as lideranças pensam, criar um clima de cumplicidade, para poder dividir responsabilidades.
    Penso que nosso técnico já demonstrou ser um péssimo estrategista.
    Ao que parece, nunca conseguiu aglutinar, porque nunca dividiu o poder.
    Contrariamente ao que pensa a Diretoria (que já jogou a toalha), é hora, sim, de mudança de comando, mudança de tudo.
    Mantem somente os treinadores de goleiros e o preparador físico, manda embora todo o resto da comissão técnica, inclusive o tal de Neguinho.
    Pense-se num técnico aglutinador tipo Joel Santana,e do jeito que está pode ser até um estilo Benazzi.
    O que não pode é o Presidente declarar que vai cumprir a tabela do campeonato, e só.
    O Presidente, se quer mesmo que o Avai fique na série A, tem que arregaçar as calças e tirar abunda da cadeira, ir para o lado do campo, dar o sangue aos maruins e fazer ver a todos quem é o capitão. Mostrar, que está disposto a afundar com o navio e não, fazer o que está fazendo, que é pular do barco com as senhoras e as crianças.
    Zunino, o acontecido hoje, conforme nos trazem as notícias, é a deixa para dar um pé na bunda desse bando de incompetentes a quem o Senhor entregou o leme, todos á prancha.
    Poderemos até ser rebaixados, mas estaremos com o Senhor e não contra.
    Mostre-nos dignidade e atitude, só isso.

    Abç.

  1. Lugo, não preciso comentar. Foste perfeito!
    Abraços

  1. Gilberto disse...:

    Caro Alexandre, tanto o teu post quanto o comentário do Lugo são precisos. Principalmente, quando o Lugo comenta na mudança de toda a comissão técnica, inclusive o auxiliar. Quero acreditar que se muito desses "cidadãos" que estão na Ressacada lá não estivessem, talvez tanto TC quantos os treinadores anteriores tivessem tido mais sorte.
    Não consigo acreditar que a escalação de Robinho é opção do treinador. Agora volta o Daniel... Então, qual a mudança para o time do Galo? O Lincoln, tão somente...
    E a permanência de determinados jogadores no time do Avaí (como o Robinho, por exemplo) só tem afastado a torcida...
    Então realmente o que quer a diretoria e o que querem os jogadores?
    A título de curiosidade ano passado após 26 rodadas o 19o. colocado (Atlético-MG) também estava com 22 pontos. Ou seja, só entrega o ponto quem quer...
    Ou o final já foi anteriormente determinado? (olha a teoria da conspiração, aí? risos)
    Abraços.

  1. Anônimo disse...:

    Ainda acredito, vencer o Bahia e + 6 pontos em casa sera a arrancada tao esperada, vamos fazer aquela corrente pra frente, nada esta perdido, se é isso que temos entao vamos pra luta!EU ACREDITO TO DENTRO!




    JC

  1. Anônimo disse...:

    E como diz a letra de um dos cantos da Leões do Vale:

    "É um caso de amor,
    que invade meu peito
    Avaí é paixão,
    tá no meu coração
    e não tem jeito!"

    É Paixão Prá Toda Vida!!!

    Vamo Vamo Avaí!!!!!!!!!

  1. Carmen Fuhrmann disse...:

    Aguiar,

    Tal qual os filhos. E não é por criticar e reprimir que amamos menos, pelo contrário, aprender a dizer não é necessário. As críticas não nos tornam menos ou mais torcedores e ainda penso, imagine o que seria de um muno onde os pais passassem apenas as mãos nas cabeças dos seus filhos? É assim, por meio das caricias, mas também das criticas que nossos filhos crescem sadios e que depois terão condições de se relacionar com o resto da sociedade de forma a respeita-la com suas opiniões. O AVAÌ - me refiro ao clube - não é um filho amado pela diretoria, presidente e alguns do conselho, mas pela torcida está ainda como aquele bebê recém-nascido, que é carregado com todo cuidado no colo. Enquanto não houver uma FAXINA e a transparência do Zunino, mostrando-nos que está do lado mais fraco - a equipe e a torcida - vai ficar difícil. Agora é a hora de juntar as forças e focar para que tenhamos se for o caso, uma queda digna.

    Abraços querido amigo

  1. Muito bom os comentários de vocês, meus amigos. Mostra que estamos todos juntos. Podem acreditar, nós vamos sair dessa.

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