Há pessoas que conhecemos que adoram discutir o sexo dos anjos. Outras se incomodam se um buraco é redondo. Há gente, muitas vezes amigos nossos ou um parente de boa relação, que se preocupam demais se o banco dá 10 dias de prazo no cheque especial. Também é interessante como vemos pessoas cultas a discutir pormenores do tipo, “o que seria das vacas se não fossem para servir de alimento aos homens.” Ou seja, de uma maneira geral as pessoas ou se preocupam com bobagens, ou se acomodam.
É, eu sei, é da natureza humana. Tem gente que sabe que cigarro mata sem dó e nem piedade, mas fuma feito uma locomotiva. Se o petróleo acumula gás carbônico na atmosfera do planeta, por causa disso o sujeito não vai deixar de usar o seu carro. Às vezes só de birra.
Quem conhece futebol, um pouquinho só, que entenda ao menos a regrinha básica da cobrança de lateral, sabe que as principais mazelas do Avaí nestas duas últimas temporadas não foram por culpa do atual técnico tanso e retranqueiro e nem pela desqualificação técnica de alguns jogadores. Não é daí que podemos relacionar os nossos problemas. Tirar-se o treinador, ou afastar um ou dois jogadores não é garantia para que o país azul volte a ser o das maravilhas.
Sabe-se, perfeitamente, mesmo aqueles que querem compreender a liquidez da água, que os problemas na Ressacada, que estão colaborando para o aumento da venda de soníferos nas farmácias, ou das consultas com cardiologistas, são de ordem estrutural. Administrativa, para ser mais exato. E ninguém, seja calvo ou cabeludo, espera transferir para casos pontuais a razão de nossas angustias. Pensar assim é de uma inocência de anão de jardim. Muito pouca gente consegue explicar a teoria da relatividade de Einstein, mas sabe perfeitamente e com toda a clareza onde mora o nosso calo. Então, não é necessário que alguém nos ensine.
Contudo, sabemos que o Avaí peca por falta de estratégia. É sublime afirmar que poderíamos, independente de qual série jogaremos no ano que vem, começar um planejamento adequado com um novo treinador e um grupo ao menos mais reduzido de jogadores.
- Ah, mas não podemos mexer nessa reta final de campeonato.
Podemos, sim. Já mexemos demais da conta nesse trem durante dois anos a fio e sem um resultado digno. Uma mexidinha assertiva, ou pró-ativa, como dizem os sonsos da Administração messiânica, é tudo o que precisamos. O tal e abobado fato novo tem que surgir agora. Exatamente agora. Com diretoria nova ou velha, até porque não existe Jesus Cristo na praça capaz de operar milagres no lugar desta diretoria. E nem fazer diferente. Todos quando chegam nesse ramo fazem pouco diferente uns dos outros, e se alguém me apontar algo substancial e absurdamente diferente, que me prove também que o gelo é quente. O que eu exijo é responsabilidades e atitudes. O resto é lenda.
O Avaí precisava mobilizar a sua vida. Ter ousadia. É o chamado sprint final. Os caras que correm maratona sabem como é isso. Eles vão correndo exaustivamente durante 41,5 quilômetros por quase duas horas. E, no fim da linha, quando estão para perder a posição, dão um arranque quase suicida, que é para garantir a prova que está para ser perdida, ao invés de se manter confortavelmente correndo para não chegar.
O Avaí peca por isso, por omissão, medo e falta de visão de futuro. Corre demais e faz uma força super-humana para nunca chegar.
O problema é que há muita gente que está preocupada se os anjos tem piru ou perereca.
Parabéns aos quatro!
Há 36 minutos
Aguiar mô quirido,
Ontem fiz esta pergunta no twitter: O que adianta a demissão do TC? Depois que muitos - e olha que entendedores de futebol - lançaram o Fora TC. Tua frase diz tudo: O Avaí peca por isso, por omissão, medo e falta de visão de futuro. Aquela velha mania de nadar, nadar e morrer na praia. Penso que no momento é torcer para que as únicas chances que temos nos sirvam para ajudar a permanecer. Afinal somos torcedores e na A, na B ou na C estaremos com o AVAÍ.
Abçs