Fazer o óbvio para eliminar o comum

Todo fã do esporte está muito mais interessado no excepcional do que no rotineiro.

Uma cesta no basquete não deve ser apenas aquele arremesso sonso. Tem que fazer chuá, a bola deve bater na tabela e entrar. Um lance de três pontos quase do meio da quadra é consagrador. Ou então uma arrasadora enterrada.

No volei, qualquer bola que caia na quadra adversária é ponto. Seja saque, largadinha, cortada ou bloqueio, qualquer lance é ponto. Mas o ponto magistal, aquele que levanta a platéia é um ace desconcertante. Ou bloqueio justo, sem rebote. Ou então aquela cortada lá do fundo que chega na ponta da rede, quando o levantador põe a bola mais alto do que a rede e ela vem para baixo, numa espalmada sem-vergonha e aniquiladora, capaz de tirar o piso da quadra do lugar. É um delirio só.

Nas corridas do atletismo, não basta apenas o fundista largar absoluto e chegar sem adversários. O que faz espectadores chorar de alegria é quando dois ou três corredores chegam juntinhos, decidindo quem está na frente pela baba, com músculos e suores se equivalendo.

Até uma monótona partida de golfe. tem seus momentos ovacionais Para constar nos anais da posteridade, a tacada vitoriosa deve ser aquela única, dada com apenas um taco, acertando no minúsculo buraquinho a quilômetros de distância. Precisa e certeira.

No futebol também é assim. Um gol só é um GOL quando o atacante dribla meio comboio de volantes, dá dois chapéus nos zagueiros, chuta na gaveta e sai dando cambalhotas. Ou então quando acerta de primeira um voleio mortal e certeiro, sem chances para o goleiro.

São os lances do esporte que nos fazem delirar de emoção, que nos fazem mais felizes e admiradores incondicionais dessa atividade meramente humana.

No jogo deste Sábado do Avaí eu não ambiciono nada disso não. Basta um tochinho de um quero-quero perdido e a bola nem precisa ir para o fundo das redes, não. Passou a linha já tá bom. Ufaaa!

1 a zerinho e eu faço carreata.