As fofocas, os fuxicos e picuinhas sempre acompanharam o ser humano em sua trajetória pelo planeta, desde que começou a falar. A partir do momento em que este primata bípede pelado aprendeu a elaborar um conceito, passou a transmiti-lo por aí. Diz-se, até, que a primeira profissão do mundo não foi outra, senão o jornalismo. Preciso explicar?
Temos, por uma possibilidade inerente à nossa condição de ser humano, a capacidade de análise e somos críticos. Olhar-se no espelho pela manhã e ver aquela cara amassada e os cabelos desgrenhados é um bom exercício de crítica. Notamos, conceituamos e expressamos. Qualquer coisa.
E para defendermos nosso ponto de vista e valorizarmos nossa crítica, montamos grupos de interesse.
Foi assim que começaram as conversas de comadres e de vizinhas, os agregados religiosos, os partidos políticos, as turmas de dominó e as saunas. O jornalismo, como todos os seus meios, tratou de formatar essas mensagens. Expandiu-se a expressão pelos três polos da Terra, o Polo Sul, o Polo Norte e o Polo Lopes e pelos cinco cantos, Norte, Sul, Leste e Oeste e o Canto do Rio.
O mundo tornava-se uma aldeia, com as notícias chegando cada vez mais rápidas às tabas espalhadas por aí. Mas ainda era uma via de mão única, com os jornalistas sendo os responsáveis diretos pela informação.
O mundo tornava-se uma aldeia, com as notícias chegando cada vez mais rápidas às tabas espalhadas por aí. Mas ainda era uma via de mão única, com os jornalistas sendo os responsáveis diretos pela informação.
Nos dias atuais, entretanto, depois que o jornalismo já havia dado o seu caldo e graças à Revolução da Informática do seo Jobs há vinte anos, as fofocas, os fuxicos e picuinhas ganharam um novo recurso, os blogs. A mão da informação tornava-se dupla a partir desse momento.
Os blogs surgiram com um único propósito: um espaço para que qualquer pessoa pudesse depositar suas palavras. Quem tinha algo para dizer e não se contentava com sinais de fumaça, telégrafos, ou o espaço do leitor em jornais e revistas, acabou encontrando nos blogs o seu ambiente ideal. Pode ser um diário, um canal de desabafo, um local para comentários a esmo, ter uma finalidade corporativa ou individual, pública ou privada, com notícias ou opiniões, e que pode ser atualizado a todo momento. Cada usuário se tornou o dono de seu mundo, com uma opinião vista, agora, em cada ponto do planeta, agregando a tudo isso a interatividade, ou seja, cada leitor passa a ser capaz de comentar, divergir, palpitar, pitaquear, sugerir, discordar ou aplaudir veementemente o artigo do blogueiro.
Declarou-se aberta a liberdade de expressão plena.
Com o passar do tempo, as próprias ferramentas de programação de páginas da web permitiram transformar páginas rasas em verdadeiras revistas modernas e ágeis. E tudo com o intuito de se registrar as fofocas, os fuxicos e picuinhas de cada um de nós que desde tempos imemoriais já faziam parte de nosso cotidiano.
A partir de então, o que parecia ser uma alternativa à mídia oficial, totalmente anárquica e subversiva, foi-se tornando um apêndice das grandes corporações jornalísticas. Os blogs começaram a fazer parte do complexo midiático, alguns até sendo referenciados pelos jornalões. A vaidade de alguns exacerbou a característica independente que era a possibilidade de se dizer algo que tinha que ser dito. Fez-se coro.
Contudo, o uso prolongado e abusivo, ao invés de alongar, encarquilhou tanto blogueiros quanto usuários. A liberdade de expressão passou a ser usada como ferramenta de ataque. Grande parte do conteúdo dos blogs, em função da liberdade, e, às vezes, até ao anonimato de alguns, serviu como bala de canhão na guerra midiática. Foram se tornando poços de vaidades. Jornalistas e articulistas, que se desligavam dos jornais e redes de mídia, assumiam descaradamente seus blogs como "guetos de resistências". Até campanhas eleitorais passaram ser decididas no ambiente dos blogs.
As redes sociais, que poderiam ser alternativas aos blogs, acabaram se transformando em ferramentas de manobras, ou extensão do complexo de fuxicos e fofocas, seja dos grandes jornais ou mesmo dos blogs.
Serviu, aí sim, para esconder covardes e anônimos de toda a ordem, que passaram a usar destes espaços para espinafrar, atazanar e trollar uns aos outros, ou os usuarios de outros blogs. Em qualquer lugar é assim. E não poderia ser diferente na blogsorefa avaiana, né mermo?
Uma lástima!
Por mais que alguns se escondam, da forma que nos rotulam sabemos perfeitamente quem são os "anônimos".
Não deve haver problema pessoal. Só divergência de pontos de vista, mas para muitos desajustados um pé de galinha já da uma canja.
A caravana passa e os cães ladram!