Quem acredita no Avaí? (revival, julho de 2011)

O texto abaixo eu escrevi no dia 06 de julho de 2011. De lá para cá, muita coisa (não) mudou. Continuamos coerentemente na mesma batida e percebendo que é dos torcedores que se espera algum alento. O Avaí deverá sair dessa situação? Eu e mais uma imensa e valorosa massa de torcedores pensamos que sim. Afinal, é disso o que se espera de avaianos. Entretanto, das virgens e esposas de Jesus, eu só vejo o mais de sempre.

Acreditar é algo muito forte. Requer desprendimento, dedicação, confiança e respeito. É uma condição psicológica. A gente acredita naquilo que nos dá conforto. Seguindo essa lógica, quem possui uma ponta de dúvida não crê, o quê é válido para todas as manifestações humanas.

Os torcedores avaianos acreditam no Avaí. Em qualquer tempo e em circunstâncias variadas. Até o mais ferrenho e cruel corneteiro, aquele que só vai ao estádio para vaiar, xingar e desmerecer jogadores, acredita. Só o fato de ir ao estádio é motivo de crença em sua paixão. A cornetagem é uma válvula de escape, um cinismo ao contrário.

Não se pode dizer o mesmo da direção do clube, que tem feito o possível para rebaixar o time, haja vista a quantidade de erros cometidos. Há até dirigentes que nem se importam, assim, com o nosso uniforme e preferem puxar o saco de jornalistas com camisas de outras praças. Outros torcem por times de diversas cidades e fazem bico no Avaí.

A comissão técnica prefere usar a dúvida, uma vez que nem sempre põem em campo os jogadores de melhor capacidade técnica. Onze dentre dez técnicos preferem os jogadores de sua confiança (ou da parceria!) à confiança no time como um todo.

Mesmo até entre alguns jogadores pouco vemos os que acreditam. Em sua maioria, o Avaí é apenas uma passagem, uma oportunidade, uma forma de estar em evidência para um contrato, logo a seguir, com um time de maior expressão.

Da imprensa mesmo, é querer que chova no Saara. Principalmente aqui na Capital, onde os jornalistas se banqueteiam com hortaliças regadas a café ralo e, ato contínuo, vivem a buscar motivos para desacreditar ainda mais aquilo que já está complicado. Não há matérias isentas. Todas possuem o tempero do negativismo.

Da Federação é aí que nunca vemos nenhum motivo de crença em nosso futebol. Age como se o futebol fosse uma obrigação e a sua função ali é de apreciar a qualidade de escoceses legítimos ou de havanas perfumados. Cuidar do nosso futebol é para ingênuos e incautos.

Resta, então, aos bravos e valorosos torcedores avaianos a tarefa de acreditar, sempre. A eles é forçado entender que o futebol é caro e difícil e, por isso, devem pagar caro para sanear as despesas. Aos torcedores fiéis e crentes em sua paixão não é possível exigir, cobrar ou criticar, mas apenas e tão somente apoiar, aplaudir e admirar, mesmo que uma série de atentados ao bom senso seja cometida.

E o torcedor avaiano, é verdade, não está nem aí, pois é sua condição, sem a qual não existiria, de acreditar que um dia sua vida será menos amarga e seu time será menos medíocre. É o que o faz ser torcedor. É o que lhe basta.