Como era próprio dos sonhos de guri e da vontade de exibir o que se gostava, nós escolhíamos um time de futebol. Andávamos com a camisa do time de um lado a outro, que a mãe tirava na marra para lavar, senão grudava na pele e poderia nunca mais sair. Sonhávamos, nas peladas no bairro, ou jogando futebol de botão, em ser o craque de nosso time. A exaltação máxima era quando fazíamos o gol que dava um título, disputado às vezes nem tão amigavelmente com outros de camisas iguais ou diferentes.
Os anos passavam e aquela sensação pueril ia se tornando um modo de vida. A brincadeira de amigos tomava efeitos de uma paixão adolescente. Uma sensação de angustia aliada a enormes momentos de puro prazer.
Há muita gente dizendo por aí que o Avaí não merece a torcida que tem. Conversa. Merece, sim. Claro, isso parte dos negativistas de sempre, os realistas de ocasião, oportunistas de gaveta, que adoram andar na onda, cujo intuito é angariar platéia. Ah, os bobinhos pré-adolescentes estão incomodadinhos porque a galera avaiana está se mobilizando? Não era o que eles queriam, pois o NORMAL seria o torcedor virar as costas? Achavam, que para provar suas teses infelizes, que a galera avaiana ia correr do pau como eles correram? Tolos!
Pro diabo que carregue quem não gosta que se expresse ser avaiano. Eu, de minha parte, vou continuar dizendo que sou avaiano, sou avaino sempre, e que apóio a diretoria, mesmo com todos os erros e asneiras que tem cometido. Que se foda quem não goste.
Dizem até que o Avaí deve cair, que é para aprender a fazer direito no ano que vem. Pois afirmo, sem medo de errar, isso não é um torcedor, apenas um belo oportunista que posa de bacana. Hoje é avaiano, amanhã torce para o Flamengo, depois é colorado e assim segue para nunca ficar de fora da onda.
Pensar assim é o mesmo que um querer verdadeiro e honesto careça de uma contra-partida. Que haja uma troca. Como se gostar ou ter uma paixão necessite de senões ou cobranças. Como se amar precisasse de explicações. Amor não se troca.
Ninguém pede para amar, ninguém precisa de argumentos quando os sentidos afloram. Ninguém que ame de verdade condiciona uma paixão.
- Ah, estás muito meloso!
É verdade, não é do meu feitio. A culpa é da minha amiga Kaka de Paula, que me inspirou.
Eu tenho as minhas preferências sem querer nada em troca. Não preciso de vídeos ou produções cinematográficas para dizer o quanto o Avaí me é importante. Basta-me o gostar, puro e simplesmente. Me satisfaz a paixão, sem precisar de retorno. É algo quase platônico. O time de futebol de minha preferência apareceu na minha vida meio que por acaso e ficou. A minha avaianidade não surgiu graças a uma cadeira cedida no estádio, por uma boca-livre em camarotes, por ingressos dados em promoções, de um incentivo de jornalista, por um sorriso de dirigentes ou convite de jogador. Não é um produto que se adquire no açougue ou na farmácia. Ninguém comprou a minha paixão pelo Avaí. Ela veio ao natural, cresceu e se tornou alienadamente grudada em meu ser. O bom e o ruim juntos, ao lado, correndo sem necessidade de se provar nada.
Por isso que é paixão pra toda a vida. É simples. Sem delongas.
Aguiar, sou avaiano por influência do meu pai, o qual perdi neste ano, e sinto um orgulho enorme por isto. E estou repassando a avaianidade aos meus filhos, pois vejo neles um amor pelo Avaí (a menina de 12 anos já está vacinada, e o pequeno de 3 nem precisa, bota a camisa do Avaí e para tirar é um parto) igual ao que eu sinto. Roubando uma frase dos nossos vizinhos do sul, "Sou avaiano e isto me basta!".
Parabéns pelos belos textos e quem disse que ser avaiano é fácil?