Desde a virada do ano que algumas coisas mudaram, e muito, na Ressacada. E das mudanças, como em todo e qualquer lugar, resultaram dissabores, desconfianças, impropérios e angustias. Há que se adequar às mudanças, mas é indispensável que quem se propõe a mudar seja coerente.
Do time e da estrutura que sobraram do que se havia construído até 2008, culminando no acesso, pouco ou quase nada se vê mais. O Avaí Futebol Clube deu uma guinada em 5 meses, cujos comprometimentos e competências ninguém ainda viu em clubes brasileiros, da forma como está sendo feita por aqui. Foram embora o provincianismo e os conflitos de comadres, ainda que reste, no varejo, vaidades e conversas de pé de ouvido com supostos próceres da mídia local tacanha e retrógada. Isso, um dia, tem que acabar.
Mudanças sugerem quebra de paradigmas e revisão de culturas. Ao longo do tempo, as atividades humanas, as suas coisas, intenções, desempenhos e resultados vão se assentando como tijolos mal dispostos numa parede, não dando condições para se ver mais os alicerces. Então, em determinado ponto, para evitar que os vícios se sobreponham, há necessidade de se estabelecer mudanças. Porém, mudar não é simplesmente uma tomada de atitude. Passa a ser necessário o planejamento, a organização, o convívio, o estabelecimento de metas, cujos interesses são os resultados. Tudo ao seu passo e tudo ao seu tempo. Quem não estiver adequado às mudanças, vai ficar para trás, vai continuar sendo o tijolo torto da obra.
Vivemos a angustia da perda dos “craques” que nos deram alegrias em 2009. Mas aquele time tinha seus vícios, todos sabemos, principalmente no seu comando. Alguns deles, revelados ao largo. Aliás, há uma frase onde se diz conhecer as pessoas quando lhes damos um cargo mais qualificado. Foi o que vimos e mudamos na hora e na medida certa.
Depois, o Avaí não tinha condições financeiras, dada a sua estrutura emergente, de manter aqueles atletas e foi necessário negociá-los. Isso é natural, faz parte do processo. Contudo, nesse meio tempo, houve uma majoração das mensalidades para os sócios torcedores, situação que tentava contornar o déficit de caixa para garantir os novos vôos que o Avaí queria alçar. Mas da forma como isso foi imposto à torcida, esta mudança não agradou à sua imensa cota de aficionados. Faltaram informações, faltou um bom trabalho de marketing, faltou uma aproximação com o torcedor. A comunicação na Ressacada ainda se mostra ruim, resquício dos tempos de série B, e não acompanha as mudanças determinadas. Isso, um dia, também tem que acabar.
Aqueles negócios com os jogadores do 6º. lugar do Brasileirão 2009, se foram bem ou mal é o que pouco importa, pois o fato é que uma nova cara de time foi sendo organizada e a nova comissão técnica teve que administrar a transição do passado com as descargas de resultados. E, de acordo com os novos tempos na Ressacada, a primeira meta do ano foi cumprida com magistral competência: o time foi bicampeão estadual.
Mas a 2ª. meta do semestre, uma das razões das malfadadas majorações de ingressos e mensalidades, caiu por terra num descuido dos cenários do planejamento: fomos eliminados da Copa do Brasil por não entender, ainda, que time grande jamais será prejudicado por árbitros em relação a time pequeno, o que demonstra que ainda não aprendemos a jogar o jogo. E isso também vai ter que acabar, se quisermos mudar. Chega de coitadismos!
Começamos o Brasileirão 2010 e as propostas de mudanças foram atropeladas pela necessidade de resultados para a mídia e para a auto-estima de uns poucos. O time ficou submisso aos humores no entorno da Ressacada, que testou a sua volatilidade. Conseqüência? A queda de rendimento do time fez ver que há necessidade de se reavaliar o planejamento e corrigir erros de estratégia. A posição em que terminamos este falso 1º. turno reflete nossa real situação, mascarada no início por uma vaidade torpe e uma frivolidade estúpida, que não condiz com nossos interesses. Para mudarmos nossas cabecinhas e entendermos o Avaí que cresce, temos que valorizar este 12º. lugar e abominar aquela falsa posição nas cabeças da tabela. Aquilo não nos pertence, ainda.
Dos comprometimentos e competências, mudados radicalmente nestes 5 meses para cá, resta retomar os bons resultados de 2009 no brasileirão 2010. O Avaí Futebol Clube quer ser grande. Será grande. Mas para isso é preciso mostrar-se profissional nas atitudes e resolver suas mazelas. Afinal, quem anda para trás é caranguejo e o nosso bicho é outro, que avança, ataca e estraçalha as vítimas. Com dignidade, força e planejamento.
Parabéns pelo texto, Alexandre. Foram mostradas as feridas e receitadas algumas curas.
Abraço.