Enquanto a bola rola lá nas terras de Mandela, por aqui no quintal tenho acompanhado a solicitação, ou melhor, a exigência de alguns torcedores por preços mais populares na Ressacada, uma vez que os ingressos cobrados fazem mal a hipertensos. Aliás, as próprias mensalidades para sócios torcedores são uma salmoura completa.
Claro que sim, os preços são exorbitantes, qualquer pessoa mais lúcida concorda com isso, são mais caros que aqueles cobrados na Europa e mesmo na Copa do Mundo. Numa cidade como Florianópolis, de classe média baixa, de funcionalismo público ou de comerciários, exigir uma bufunfa dessas é tolice. Dificilmente pagará para isso quem não estiver disposto.
E os que estão pagando sabem muito bem o quanto isso dói na algibeira.
Mas a alegação para diminuir os preços parte do princípio de que, assim, a torcida vai freqüentar o estádio com mais assiduidade. Que a preços populares algumas arquibancadas estarão sempre cheias, que com preços bem abaixo das taxas de juros privilegiaríamos os de baixa renda e, por fim, tiraríamos os assinantes de PPV de casa, cujo preço é mais em conta.
Conversa mole!
Bulhufas!
Mofas!
Todos os que acompanham o Avaí há anos sabem que a nossa torcida não freqüenta o estádio, e não é só por causa dos preços. Somos conhecidos como torcedores de pijamas por qual razão? Reclamamos dos chinelinhos do nosso DM, mas a maioria fica em casa, de pantufinhas, coçando o gigante adormecido e ouvindo o Miguelito no “raidinho”. Essa é a torcida do Avaí. Lamento informar, mas é assim a nossa realidade. Quero que um só, unzinho me prove do contrário.
Esse ufanismo tolo de que somos “ a maior do Estado” é falatório para pôr bovinos no berço. Para massagear o nosso próprio ego.
Somos quantos na Ressacada em dias de grandes jogos? Uns 5, 6, no máximo 7 mil abnegados que não largam o osso. A média tem baixado, mas não é, enfaticamente, por causa dos ingresso e, sim, por que os jogos estão sendo de qualidade sofrível. Quando aumenta o público é porque temos o rival pela frente, ou numa decisão. No mais, a freqüência é sempre a mesma. São estes que estão sempre lá, faça chuva de canivete ou sol de deserto do Saara. E estes pagam, qualquer que seja o preço. Estes vão à Ressacada de qualquer jeito.
A exigência de menores preços não é para safar um caraminguazinho do supermercado, ou da tainha da estação, mas para que alguns modinhas e espertos venham assistir ao Vasco, ao Flamengo, ao São Paulo vir jogar aqui. Escuto isso nas ruas constantemente.
“O, Alexandre, fala lá pro teu presidente pra baixar os preços. Queria ver o meu Flamengo jogar e não posso”.
E aí eu pergunto:
“Sim, abobado, e pra ver o Avaí, tu não pagas?”
E o mala responde:
“Ah, mas pagar uns ‘pilinha’ pra ver Avaí não dá, né.”
Que se queira baixar os preços, eu faço coro. Que se faça jus a quem nunca abandonou o time, eu aprovo. Agora, que isso vá incentivar a termos mais torcedores avaianos na Ressacada? Hahaha, conheço a do papagaio, que é bem melhor.
Infelizmente, é essa a nossa realidade. Que ninguém se iluda. E não queira, também, iludir aos outros.
Ahã, chegassi onde eu queria. E o que o clube poderia fazer para recompensar os "5, 6, no máximo 7 mil abnegados que não largam o osso"? O último ato de reconhecimento pelos serviços heroicamente prestados foi um talagaço de 50% de aumento pr'aqueles do concreto que tomam chuva no cucuruto. Te desafio a não fugir da pergunta com aquele seu tradicional vernáculo circular.