A minha preocupação com o Avaí, neste ano, não é com a sua classificação, jogadores que vão e quem vem, posição na tabela, nem mesmo modelos de camisas, patrocinadores masters ou minis, arquibancadas cadeiradas ou algo que o valha. Tudo isso são coisas menores, mesquinharias, cornetagens por falta de futebol. Acontece com qualquer time no mundo e com o nosso não seria diferente.
Ainda que fiquemos ansiosos com todas estas situações, no quesito disputa do campeonato o Avaí vai bem. Tivéssemos com os jogos em andamento estas conversas se espalhariam como farinha ao vento. Não, definitivamente, essas futricas não me tiram o sono.
O meu incômodo é com um afastamento da instituição com o outrora denominado “seu maior patrimônio”, o torcedor. Sim, já foi seu patrimônio, pois alguém tratou de derrubar essa relação.
Já se viu um cachorro da casa latindo? Pois o comportamento desse animal dito o amigo do homem é para chamar a atenção, se fazer presente, aparecer, dar o ar de sua graça, e receber, quem sabe, algum carinho. Passe por um cão latindo e o despreze, que ele volta para o seu cantinho, indignado por não ter sido ouvido. Ocorre que um cão tem memória e também o deixará de lado, num belo dia, quando tu precisares dele. Embora ele não alimente considerações de vingança, como nós, os humanos, o cão guarda rancores, ressentimentos. Está lá, nos alfarrábios da Zoologia.
Pois esse é o grande perigo para um clube de futebol em sua relação com o torcedor, esse cãozinho que abana a cauda e quer um afago: o desprezo. Daí surgirá um conseqüente rancor. Porém, não trate o torcedor apenas como a um cão. Este animal não possui apenas o comportamento do ressentimento, que fique bem claro.
Pode parecer presunção de minha parte, mas esse torneio caça-níqueis no nosso quintal promovido pela rede gaúcha de entretenimento, que também faz uns bicos de jornalismo, poderá se tornar um divisor de águas na relação entre a torcida e o clube do Avaí. É nítido nas conversas entre os torcedores um pode-ser-a gota-d'água, como diria a canção.
Falamos mal desse aqui, ou daquele ali, mas todos nós, torcedores, não vivemos sem a nossa paixão. É assim mesmo um torcedor. Esse poço de alegrias e mágoas tem assim este comportamento, haja vista que é passional até a raiz de seus cabelos. O torcedor move-se pela paixão, - dane-se a razão!
Constantemente, alguém vem nos dizer que a Ressacada é dos torcedores. Isso é uma mentira. Ou, ao menos, uma forma de discursar bonitinha. Tal postura é uma maneira de acariciar o torcedor tocando no seu íntimo. Se assim fosse faríamos uma comissão de torcedores e estabeleceríamos uma administração popular ali. Uma espécie de comuna de time de futebol. A Ressacada pertence à instituição Avaí Futebol Clube, composta de administradores do clube, de funcionários, de jogadores, de vizinhos do estádio, dos quero-queros e até dos torcedores, ora, vejam só! O Avaí, como time de futebol, tem que jogar em algum lugar e este lugar é o estádio Aderbal Ramos da Silva.
É ali que a instituição Avaí oferece lugares para os torcedores assistirem ao time que a representa jogar. A instituição, portanto, cobra ingressos para que seu time seja assistido. Ou faz concessões mensais, uma espécie de antecipação dos ingressos através de um contrato para que os torcedores se tornem sócios do clube, invistam no clube. E por uma razão bem simples: ela precisa do torcedor para levar uma campanha do time adiante. Simples mesmo. É como ver o sol nascer todo dia.
E quando essa necessidade se esvai e essa relação de interdependência é quebrada? Bom, as respostas para isso veremos nesta semana, quando começa o tal torneio, oficial ou não. O começo do fim de uma boa relação poderá estar em vias de se concretizar. A mágoa é muito grande desse cãozinho com seu dono.
assino embaixo!