A crítica pura sem razão

Se tem coisas que me irritam, uma delas é a crítica sem noção.

A crítica é um comportamento tipicamente humano. Nenhum outro ser vivo é capaz disso, de observar o mundo, tirar conclusões e estabelecer uma opinião, uma análise, baseados em seus critérios. Separamos e/ou julgamos as coisas naturalmente. Todos fazemos isso, em menor ou maior medida. É uma forma de nos conduzirmos pelas nossas crenças. A crítica, quando bem fundamentada, é uma aula.

Agora, há a crítica sem noção. O que é isso?

Bom, está muito mais relacionada com a teimosia, com a capacidade de ser pertinaz, obsessivo, de não querer compreender que existem outras opiniões, muitas vezes mais bem fundamentadas. O sujeito que assim o faz não tem empatia, não se põe no lugar do outro. Ele é o cara que acha que sabe do que está falando e, mesmo que haja uma informação abalizada do outro lado, a dele é sempre razoável, a melhor, a que tem mais critérios, pois quer ser mais crítico, se achar o melhor crítico, é o sujeito que “tem direitos de emitir opiniões”. Só ele sabe, os outros não.

Nesta semana houve na blogosfera avaiana críticos à postura do clube em poupar jogadores.

Até aí tudo bem. Uma crítica, ou uma dúvida são bem aceitas. Faz parte daqueles ditames que foram descritos acima. Os do bom crítico.

Porém, baseado na lógica do “sem noção”, há quem duvide até que hajam enzimas em nosso organismo – a alegação da poupança – que nos controlam o metabolismo, ou imaginam que isso é discurso sonso e sem sentido. Frescura, supõem alguns. Tudo por que acreditam que jogador de futebol é um ser não-humano, que foi feito pra se estabacar mesmo e não merece, se quer, um aceno de bom dia. A ordem é: “que estes caras se danem, que quebrem a perna, se possível, mas que joguem até à exaustão pelo meu time. Não jogar por causa de uma amigdalite? Já se viu uma palhaçada dessas?”

"E tem mais", dizem, "sentado aqui na minha confortável cadeirinha, eles lá no campo têm que fazer jus ao salário que ganham, ou ao trabalho que escolheram. Só que faltava o sujeito que ganha muitas vezes mais do que eu se sentir cansado." É a insinuação estúpida de quem está pagando uma alta mensalidade e, por isso, quer resultados.

E ai de quem diz ao contrário. Chegam a duvidar da capacidade profissional de algumas pessoas. O Dr. Zunino é um médico renomado na área de patologia clínica, reconhecido em todo o Brasil. Os médicos do DM do Avaí são de uma alta competência na área. O nosso próprio DM já deu mostras do que é capaz na recuperação de atletas. Emerson Buck, o nosso preparador físico, é conceituado em todo o Brasil. Antonio Lopes dispensa comentários e conhece todos os caminhos do futebol. E aí teve gente que duvidou das decisões desses coitados, desses infelizes que devem ter feito faculdade por telefone. Acham, os críticos sem noção, que disso os profissionais da área médica do Avaí não entendem nada. Ele, o critico sem noção é que sabe. O crítico sem noção é que é o cara.

Nem sei por quê eu perco mais tempo com isso. Se no estádio há gente que vaia copiosamente um time que faz um bonito papel no campeonato brasileiro, imagine quem fica sentadinho em frente ao teclado descansado, na calada da noite, tirando meleca do nariz, e achando um jeito de fazer valer os seus míseros 100 reais por mês.