Do alicerce à obra

A demissão de algumas pessoas ditas "profissionais das categorias de base" do Avaí reflete uma situação muito importante: algo está mudando lá dentro e não é pouca coisa.

Discordando de meus amigos André Tarnowski e Gerson Santos, cujos textos devem ser bem lidos e entendidos, não havia um paraiso (ui, que nome feio!), ou estava tudo muito bem nessa área do Avaí. Não! De forma alguma.

Todo mundo que acompanha futebol de maneira crítica e ponderada, e não como torcidas bipolares que andam por aí, sabe que um clube de futebol, se quiser se manter por longos anos disputando campeonatos sérios, deve investir pesado nas suas categorias de base. Um edifício, o qual se pretenda que não caia, tem que ser construido com bons alicerces. Essa retórica é mais velha que a certeza de o sol nascer todos os dias. Mas é válida.

Até há bem pouco tempo acompanhávamos o desempenho insonso de nossos atletas juvenis ou infantis. Um ou outro era aproveitado no time de cima. Quem visse os trabalhos ali executados sabia que o caldo era ralo e a sopa era sem sal. Bastou, contudo, dois bons anos de muito trabalho e já fizemos um bom papel na famosa Copa São Paulo, torneio jogado pela petizada nos meses das tempestades de verão e quando os marmanjos estão estarrados pelas praias do mundo.

Apresentamos bons valores naquele campeonato, mas que, em virtude de um acompanhamento ineficaz e preguiçoso de suas carreiras, alguns deles estão deslizando para o limbo eterno do futebol. Uma pena! Os problemas nem paravam por aí. Soubesse-se de peneirões vergonhosos e escolhas estranhas nas redondezas da nossa cidade, de corar mafioso. E aí se constatou que aquela performance foi muito mais devido ao talento individual daquele grupo do que um planejamento controlado.

Os torneios subsequentes, onde outros garotos surgiram, foram de pantomímicas apresentações, não revelando trabalho, mas acasos. Era preciso mudar alguma coisa. A gota d' água, creio eu, foi a presença de torcida organizada do Internacional dentro da famosa concentração-favela estampada na entrada o estádio, fato atestado pelos camaradas do blog Pitaco Azul.

Houve um deu! chega!

Não acredito que quem venha pra comandar estes trabalhos seja ruim a ponto de torcermos os narizes. Também não faço alusões a conspirações que possam derrubar nossa parceria. Como tudo na vida, as melancias se acomodam perfeitamente no caminhão e, com certeza, se ele (o Luis Alberto) se indispor com a direção por estar fazendo um trabalho que ele não goste, que converse a respeito. Na minha opinião, o Avaí deve estar em primeiro lugar.

Eu não lamento saidas. Eu saudo as chegadas. Se quem vier for capaz de apresentar um bom trabalho, tenho certeza que um caminhão de bombeiros já está reservado aos campeões. Se não, começa de novo, que isso não é vergonha para ninguém.