Eu não vou!

Encontro-me longe de ser um torcedor modinha, muito longe. Daqueles que só vão na boa, quando o time está ganhando. Já frequentei a Ressacada em tempos difíceis e de carestia interminável de futebol. Quando havia futebol. Naqueles tempos eu ia. Mas, neste Domingo, eu não vou.

Não há mais razão pra isso.

Se a principal razão de existir um torcedor de futebol é assistir ao seu time jogar, quando este time não joga, quando já lançou a toalha, quando já não honra a camisa que veste, quando já está pensando nos contratos que fará no futuro, quando decide, por ele, sem consultar ao seu torcedor, como e de que forma vai participar de um campeonato, o torcedor que o acompanha não precisa mais ir. Não faz mais parte daquele conjunto torcedor-time de futebol.

O time para o qual aprendi a torcer já não me quer mais torcendo por ele. Virou-me as costas quando decidiu não jogar futebol. Negou a lógica comum, que é entrar em campo e jogar.

Este time não perde, ele entrega jogos.

Este time não suja os uniformes, ele mancha a nossa história.

Neste time não tem jogadores, mas um amontoado de moleques sem inspiração, que preferem a última, a saideira, a indispensável, ao invés de correr até às últimas e gastar o que lhes resta de creatinoquinase. Deveria ser cretinoquinase, a enzima dos infelizes.

O time para o qual eu já derramei lágrimas e sorri de felicidade envergava cores azuis e brancas do orgulho avaiano. Este mostra o amarelo da vergonha.

Não sorrirei mais e as únicas lágrimas existentes são para um passado de glórias e não para um arremedo de mediocridade.

Não, não vou ver este time.

Jogam na Ressacada, usam azul e branco, desfilam com nossos heróis do passado, mas não é meu time.

Num campeonato se joga pra ganhar e a derrota é um elemento do jogo. Mas, ao menos, joga-se com dignidade, com determinação, mesmo perdendo, mas querendo ganhar. Mas não este time. Não este grupo de 2010.

Não, este não é o meu Avaí. Por isso, eu não vou.