O grande cérebro dos vaidosos

domingo, 5 de dezembro de 2010


A maioria dos clubes de futebol brasileiros não passa pelas agruras que vivenciamos nos últimos quatro anos. Ainda que tenhamos 87 anos de vida e já havido participar no meio dos mais tradicionais neste esporte no país, mesmo assim somos virgens. Meio virgens. Em outras oportunidades, até ingenuos. Custamos acreditar que já estamos jogando de igual para igual com gente que, de tempos em tempos, é campeã mundial. Tudo para nós é novidade. Até no trato com nossas coisas.


No tempo em que se amarrava cachorro com mortadela, pôr um time do Avaí para jogar era apenas reunir uma duzia ou mais de rapazes com disposição para correr noventa minutos, reforçar uma marcação e torcer para não levar um saco de gols para casa. As dificuldades eram inerentes à pouca e efetiva participação em torneios de grande monta. Alguns chegavam a parar um jogo para pedir autógrafos a grandes ídolos famosos, ou batiam fotos ao subir num estádio como o Maracanâ. Era o tempo do provincianismo. Do bucolismo. Da inocência.


Hoje, os tempos são outros, o futebol virou um grande negócio. Um mercado muito bem planejado, capaz de movimentar fortunas e gerir impérios. É possível dispor o Avaí para jogar de igual para igual com qualquer um.


E nesse meio aparecem sempre as pessoas qualificadas para conduzir carreiras, sustentar elencos e ativar o mercado. O dinheiro mobilizado é do tamanho de economias de países ricos. Não há produtos e bens sendo adquiridos, mas a participação de comodities singelas, que é o talento de um sujeito ser capaz de fazer um objeto esférico ser conduzido sobre um gramado, com milhares de espectadores em volta fometando sonhos.


E, como em toda a economia, surgem os empresários, os espertalhões, os oportunistas e os vaidosos. O espaço é livre e democrático, e está aberto a todos. Mas que se antenem para os últimos. O vaidoso não quer o bem comum, o bem público. Não aposta no coletivo. Ele quer participar, desde que sua presença esteja no primeiro lugar da fila. Não aposta em parceria e companheirismo, mas no seu nome e não sua pretensão. É egoista e ganancioso e quer se valer, sempre, das benesses as quais os outros já conquistaram.


O cérebro do vaidoso arquiteta ardis e conspirações. Subjetiva o plano comum e orienta os próximos ao seu interesse. Possui um desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens, muita vezes fúteis e vazias.


O Avaí Futebol Clube precisa, urgentemente, afastar este espécime de sua fauna, sob pena de voltar aos tempos em que apenas assistia aos grandes jogos e, num belo dia, batia fotos em pleno Maracanã.

2 comentários:

  1. Dizer o que?
    Parabéns!
    Saudações AvAiAnAs!
    André Tarnowsky Filho

  1. Da série grandes mistérios da humanidade.
    Com quantos vidros se faz um espelho para o narcisista vaidoso se auto contemplar?

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